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Crítica

30 Dias de Noite - Entrevista Comic-Con 2007

Veja o que falaram o produtor Sam Raimi, o diretor, os atores e criadores da HQ

06.12.2007, às 17H50.
Atualizada em 18.11.2016, ÀS 23H01

É impressionante o tanto de material que se consegue coletar em um evento do tamanho da Comi-Con. Já faz quase meio ano que tudo aquilo acabou e ainda temos entrevistas conseguidas em San Diego. Leia abaixo trechos de uma pequena coletiva em que Josh Hartnet, Steve Niles, David Slade, Ben Foster, Ben Templesmith e Sam Raimi falaram sobre o processo de criação de 30 Dias de Noite (30 Days of Night), adaptação da graphic novel homônima criada por Steve Niles e Ben Templesmith, e que no Brasil foi lançado pela Devir.

Por favor, falem do início deste projeto e o que o diferencia dos outros filmes de vampiros.

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Sam Raimi: Bom, acho que tudo começa com a graphic novel de Steve Niles e Ben Templesmith. O visual de Templesmith era muito original e amedrontador. Adoro a forma como os vampiros foram ilustrados e gosto também do jeito que ele mostra o frio, aquele ambiente congelante. Aquilo era chocante. E ainda tinha pessoas sendo destroçadas. Steve Niles fez um trabalho maravilhoso neste graphic novel. Eu fiquei muito empolgado com a ligação profunda dos dois personagens principais e também a mitologia que ele criou para os vampiros. Eu gostei mesmo de aprender sobre eles e fiquei com vontade de saber mais.

Toda a situação que ele criou, alguém tinha que ter pensado nisso séculos atrás, mas cabe a um grande escritor ter uma sacada dessas. Olhando agora, era tudo muito óbvio ambientar isso em Barrow (Alasca), talvez a cidade mais ao norte dos Estados Unidos, e levar vampiros até lá, no meio de personagens com quem eu me preocupava. A combinação de tudo isso era algo que eu queria ver em um filme.

Josh, o que o atraiu a este personagem?

Josh Hartnet: Eu li a graphic novel ao mesmo tempo em que li o roteiro e depois falei com David pelo telefone. Mas pra mim, o que pesou mesmo foi ver as pessoas envolvidas. Tinha gostado de Menina Má.com e embora nunca tenha sido um leitor de quadrinhos, e vou me arrepender por confessar isso aqui (risos), adorei o visual. Era de tirar o fôlego. Pensei que juntar David com isso daria um filme espetacular.

E é claro que vi no roteiro a chance de criar um bom personagem. O script era ótimo. Tinha elementos muito interessantes, bem pensados em como seria ficar preso em uma situação da qual você não tem como escapar e ainda está sendo perseguido. E a idéia de estar sendo caçado sem esperança de fuga e poder chutar umas bundas é diferente da média dos filmes de ação ou terror que se vê por aí. Dava ao filme um toque especial, meio O Tesouro de Serra Madre (filme de 1948, de John Houston), em que você está o tempo todo encurralado e não tem como sair dessa.

E além disso eles foram reunindo um ótimo elenco. Oh! E acho que eu não te contei isso, David, mas o mais me empolgou foi que você veio até minha cidade, em Minessota, e sentamos em um bar/boliche que eu vou desde que era uma criança e ficamos lá conversando por cerca de uma hora. Ele tirou umas fotos com a câmera digital e depois me enviou por e-mail. Eu não reconheci o lugar! Ele manipulou a imagem, desenhou em cima e deixou o lugar como se fosse assombrado. Naquele momento vi que ele tinha a mentalidade certa para fazer esse filme.

Essa é para Steve e Ben: como foi esse processo de deixar o "filhote" de vocês nas mãos de outras pessoas?

Steve Niles: Eles me deram a chance de ajudar a escrever o roteiro, o que foi ótimo. E todo mundo com quem tive contato, de Sam [Raimi] a David [Slade] e os produtores, todos sempre me mantiveram por dentro do que estava sendo feito. Foi maravilhoso. Me senti parte de tudo isso. Desde que conheci David eu sabia que estava em boas mãos.

Ben Templesmith: Comigo foi o oposto de tudo isso. Eu tinha a idéia de que seriam duas coisas bem distintas, o filme e os quadrinhos, com estilos diferentes e tentei não criar uma expectativa alta, para não ficar decepcionado. Mas quando fui ao set e vi o que eles estavam fazendo, percebi que David estava sendo bastante fiel ao que fizemos na graphic novel e a tornou no que ela é. Este filme é a minha obra na tela. Literalmente.

David Slate: Do meu ponto de vista, como cineasta, eu recebi uma ótima premissa, que como Sam falou devia ter sido pensada séculos atrás. Um dos diferenciais é que nós fomos atrás do mito do vampiro. E isso é fantástico, pois posso fazer os vampiros do jeito que quero, de uma forma bem realista.

Por outro lado, estamos falando de um filme de terror e queríamos deixar todo mundo com medo - e acho que conseguimos. Mas você não pode entrar no mundo da fantasia, e esta foi uma barreira, pois as ilustrações de Ben são fantásticas. Uma das coisas que Ben estava falando é que reproduzimos tecidos, o jeito de um determinado personagem com a tatuagem na cabeça, o design das camisetas, enfim, estávamos procurando uma forma de recriar estes vampiros que saíram da mente dele, usando próteses e coisas do tipo. Então, tínhamos uma matéria-prima riquíssima e a missão de fazer um filme que fosse realmente amedrontador. Esta era a dificuldade, fazer os dois mundos se unirem: os desenhos fantásticos e as coisas guturais.

Steve Niles: E uma coisa que Ben e eu percebemos quando estávamos fazendo os quadrinhos é que os vampiros não botam mais medo. Você pode sair com eles, algumas garotas namoram vampiros na TV... (risos) Eles não são assustadores. Eles ficaram humanizados demais. Nós destruímos tudo isso. Para eles, nós somos gado, comida. Eles só querem é se deliciar com nossa carne. Era isso o que queríamos fazer: trazê-los de volta ao ponto de botar medo nas pessoas. Isso trabalhou muito bem nos quadrinhos por causa dos ótimos desenhos dele e agora vocês verão no filme.

Josh Hartnet: Queria só acrescentar uma coisa: a história trata da idéia de que vampiros se tornaram feras mitológicas. Este não é um filme voltado ao terror. Os vampiros querem manter o seu mistério e querem fazer isso mutilando uma cidade inteira e depois fazer como se tudo não passasse de um acidente, para que eles não sejam caçados, e assim continuar fazendo isso. É uma visão diferente.

Ben Foster: Faça uma busca no Google procurando por "desaparecimentos no Círculo Ártico". Você vai ter milhares de respostas. Tem algo estranho ali.

Fale um pouco das locações onde vocês filmaram e qual o papel que o cenário tem na história.

David Slate: Nós filmamos na Nova Zelândia. Se você quer recriar o Alasca é a coisa mais óbvia a fazer, já que a Austrália é muito longe e Tazmânia pequena demais. (risos) Eles têm umas montanhas por lá e filmamos no meio da neve, com algumas pessoas passando mal com a altitude e, do nada, sendo alvos de uma nevasca. Tivemos que fazer um pouco de mágica para fazer a montanha desaparecer e criar um sentimento de que estávamos no Alasca. Tínhamos também alguns cenários construídos, com neve falsa. Tudo isso foi construído ao lado de onde estávamos hospedados. Estávamos filmando em -10º C, mas ninguém ia morrer congelado ali ou de fome.

Sobre a tensão, é em um lugar desses que ela vai aparecer. E espero que isso traga um sentido de realidade ao filme. Não queria seguir o tradicional dos filmes de terror, apenas com cenas nojentas e tudo mais. Por isso, até, temos poucos efeitos neste filme.

Josh e Ben, vocês podem falar um pouco dos seus personagens e o que atraiu vocês para este gênero?

Ben Foster: Eu tenho um grande "fetish" por vampiros, um pouco antes de ser chamado para este projeto, eu fui a uma comic shop e acabei comprando o álbum para mim e umas cópias para uns amigos. Era uma coisa que eu realmente gostava muito. Eu já conhecia David há alguns anos e um dia ele falou "Acho que vou fazer um filme de vampiros", no que eu logo respondi "Ótimo! Como é?" e ele falou que era 30 Dias de Noite. Então nos sentamos em um coffee shop e disse que não ia falar nada, mas que queria me mostrar umas coisas, como ele sempre faz com fotos, camisetas, desenhos e outras coisas que ele passa o dia criando. Então ele me mostrou uns testes que tinha feito para os vampiros e por ser uma pessoa que gasto boa parte do meu tempo vendo filmes, lendo livros e histórias em quadrinhos e me vestindo de vampiro nas festas de Halloween, fiquei impressionado como aqueles vampiros eram diferentes. E nós nem falamos do personagem. Eu só ficava repetindo para ele "'Tô dentro! 'Tô dentro! 'Tô dentro!"

David Slade: E eu não deixei você ser um dos vampiros.

Ben Foster: E ele não me deixou ser um dos vampiros! (risos) Eu queria muito, mas espero que tenha ajudado o filme de alguma outra maneira.

Josh Hartnet: Eu sempre gostei de filmes de terror, mas acho que nunca tinha visto esta combinação de pessoas envolvidas num projeto como estes, desde que fiz Prova Final, com [Robert] Rodriguez. Para mim, o legal era estar ao lado de David e Sam e ver que tínhamos ali todos os elementos para fazer o filme certo. Achei que tinha tudo para ser um set divertido, mas preciso dizer que não tenho "fetish" por vampiros. (risos)

Ben Foster: Você chega lá, cara!

Josh Hartnet: Talvez por isso minha empolgação seja um pouco menor.

Ben Foster: Não faltou empolgação alguma, Josh. É uma ótima atuação em um gênero muito particular e difícil de se desenvolver um personagem principal. Ser caçado por vampiros não á uma tarefa fácil e você conseguiu criar isso muito bem. Não é o tipo de protagonista durão. Ele é uma alma torturada, sobrevivendo em um cenário difícil e amedrontador.

Josh Hartnet: Vamos parar por aí... (risos)

Ben Foster: Você vai se empolgar com os vampiros quando o filme for lançado.

David Slade: E vale lembrar que embora seja um filme de vampiros, ele é também um filme de sobrevivência, que investe muito nas performances dos seus artistas. E os monstros são fantásticos. Danny Huston está fantástico. Nós criamos uma nova lingual para ele e ele pegou isso e a fez evoluir. Ele tinha que usar lentes de contato, dentes e unhas postiças e ficava com elas por horas. Ele ensaiava com tudo aquilo. Ele as usava até mesmo no hotel, o que fazia alguns hóspedes se cagarem de medo.

Como Ben estava dizendo sobre o protagonist, preciso parabenizar também o nosso monstro, que foi feito com uma profundidade e integritada igualmente convicentes. E sou muito agradecido por ter Josh e Danny porque os dois trouxeram tudo isso para o set e não há como negar isso.

Para terminar, quero só citar Sam, que depois que viu a primeira cópia disse que era o melhor filme de vampiros que ele tinha visto em um bom tempo...

Sam Raimi: É, eu nunca vi algo melhor. Gosto muito do filme com Willem Dafoe como Nosferatu, mas é algo completamente diferente. Os dois estão no mesmo nível.

Leia a crítica do filme

Nota do Crítico
Bom
30 Dias de Noite
30 Days of Nights
30 Dias de Noite
30 Days of Nights

Ano: 2007

País: Nova Zelândia, EUA

Classificação: 18 anos

Duração: 113 min

Direção: David Slade

Elenco: Josh Hartnett, Melissa George, Ben Foster, Danny Huston, Mark Boone Junior, Craig Hall, Manu Bennett, Nathaniel Lees, Elizabeth Hawthorne, Joel Tobeck, Kate Elliott

Onde assistir:
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