Filmes

Notícia

A Banda

Comédia dramática reforça a falta de sentido da disputa entre árabes e judeus

19.06.2008, às 16H00.
Atualizada em 09.01.2017, ÀS 18H59

Já virou clichê escrever a expressão "A vida imita a arte" (ou vice-versa). Mas é triste quando se vê que a arte não ensina as pessoas a viver como deveriam. Em A Banda (Bikur Ha-Tizmoret, 2007), um grupo de músicos egípcios chega a Israel e, sem ajuda dos anfitriões que os chamaram para tocar em um evento cultural no país, acabam pegando um ônibus errado e parando em um vilarejo "sem centro cultural árabe, sem centro cultural judaico e sem cultura alguma", nas palavras da protagonista Dina (Ronit Elkabitz). O desenrolar da trama é uma comédia dramática que mostra as diferenças entre as pessoas e, acima de tudo, suas semelhanças, seus problemas.

O cineasta estreante Eran Kolirin, que também assina o roteiro, consegue contar uma história que ao mesmo tempo diverte o público e mostra que as desavenças políticas entre os dois povos não fazem o menor sentido. Um pensamento que infelizmente não é compartilhado por todos.

a banda

None

a banda

None

Mesmo premiado na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes em 2007, A Banda foi banido do festival de cinema do Egito, após protestos dos atores locais, que ameaçaram boicote caso o longa fosse exibido. O estopim teria sido uma cena de sexo entre representantes dos dois países, que algumas mentes retrógradas julgaram inapropriada pela eterna disputa entre os dois vizinhos.

Absurdos como esse só aumentam a obrigatoriedade de sair de casa no meio desta temporada de blockbusters para ver um filme simples, independente e muito comovente. Além da trama central, que coloca os músicos egípcios em contato direto com os islaelenses, já que terão de passar a noite por ali, a história vai desenvolvendo pequenos dramas pessoais, que vão se desenrolar paralelamente, explicando de forma bastante inteligente quem é quem neste bem pensado quadro pintado pelo diretor.

E para não deixar apenas os organizadores do festival egípcio em maus lençóis, vale lembrar também que A Banda ganhou oito prêmios da Academia Israelense de Cinema - incluindo Melhor Filme -, o que o tornava automaticamente o candidato do país a uma vaga na categoria de filmes estrangeiros no Oscar. A Academia de Filmes, Artes e Ciência dos Estados Unidos, porém, não entendeu a mensagem globalizada e cheia de esperanças que o longa carrega e o desclassificou pelo excessivo uso do inglês, a língua que fazia a ponte entre as duas culturas. São as regras, nós sabemos, mas não seria o mundo muito melhor se a mensagem do filme fosse divulgada e as pessoas começassem a entender que o melhor é viver em paz com os próximos?

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.