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A Caçada

Richard Gere e Terrence Howard em busca de criminoso de guerra bósnio

07.08.2008, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H38

A Caçada (The Hunting Party, 2007) tem uma das melhores frases de abertura que já vi no cinema: "Apenas as partes mais ridículas dessa história são verdadeiras". É simplesmente impossível resistir a um aviso desses.

A cena inicial é igualmente vendedora. Nela somos apresentados ao cinegrafista Duck (Terrence Howard, de Homem de Ferro, com a competência habitual), que explica através de um voice-over sua relação profissional de anos com o correspondente de guerra, lenda em sua profissão, Simon Hunt (Richard Gere, aqui bem acima de sua média canastrona). O problema é que um dia, sem explicação, o jornalista tem um colapso nervoso em rede nacional, ao vivo da Bósnia. Ele então é despedido e desaparece no mundo... Até que anos depois Duck, agora chefe de equipe da emissora, o reencontra - de novo na Bósnia - e a velha parceria é formada novamente em nome do passado e de uma história que pode mudar a vida dos dois.

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O filme de Richard Shepard, que tem no currículo o excelente O Matador, tem como base o artigo "Como passei minhas férias de verão" da revista Esquire (leia). Nele é relatado como como cinco jornalistas reuniram-se em Sarajevo, cinco anos após a guerra, para tentar encontrar Radovan Karadzic, um notório criminoso e sujeito diretamente responsável pelo assassinato e tortura de milhares de muçulmanos na região. É como se hoje as mesmas pessoas partissem numa caçada por Osama Bin Laden, como fez o documentarista Morgan Spurlock em seu último filme.

O resultado é uma produção que mistura humor negro e jornalismo gonzo, com uma boa dose de humor e estilo. E são justamente os momentos que mais se apoiam nessa idéia os melhores. O diretor só perde a mão ao tentar dramatizar alguns eventos, como a motivação de Hunt, que soa totalmente desnecessária e exagerada. Parece que pesou na consciência do cineasta o fato de que ele estava montando um filme tão descontraído sobre uma das maiores tragédias recentes da humanidade.

Sim, o assunto é delicado. Mas Shepard não precisava tomar as dores do sofrimento alheio. Ele, afinal, tinha ao seu lado espaço para explorar a suposta conspiração conjunta da ONU, OTAN e EUA (entre outras siglas), organizações e governos que garantem procurar com afinco os criminosos de guerra que permanecem, em muitos casos, até nas listas telefônicas de suas cidades. Enfim, era tudo uma questão de disparar no alvo certo. Faltou ao diretor um tipo diferente de sensibilidade para tornar seu filme realmente memorável.

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