Há uma certa tendência no cinema comercial europeu de se produzir filmes dentro de padrões absolutamente hollywoodianos. A estrutura narrativa - completa com timing correto de "viradas" - segue a cartilha perfeitamente testada e aprovada mundialmente. Fica a impressão que trata-se de uma base amigável para uma eventual refilmagem do outro lado do Atlântico.
A Noiva Perfeita (Prete-moi ta Main) é exemplo disso. Parece uma típica comédia romântica que sai aos montes do estúdios dos EUA. Nem cara de francesa ela tem. Toda a ambientação é genérica, globalizada, e não há qualquer experimentação cinematográfica ou fiapo de identidade. Bom, não dá pra culpar ninguém pela vontade de ganhar uns trocados... e se é óbvio, ao menos o filme é feito direitinho e tem lá seu charme.
A Noiva perfeita
A trama acompanha um quarentão (o bom Alain Chabat), bem-sucedido, que trabalha como "nariz". Seu olfato apurado permite que ele crie perfumes para marcas importantes, garantindo-lhe um belo padrão de vida, que ele usufrui solteiro - e feliz.
As opções, porém, causam o desgosto da enorme família, dominada por mulheres. Até que a mãe e as cinco irmãs se cansam de lavar suas roupas e cuidar de sua vida doméstica... inicia-se assim uma campanha para que ele encontre a moça ideal para subir ao altar. Mas, esperto, o sujeito bola um plano infalível: contrata uma "noiva" (a adorável Charlotte Gainsbourg, de Lemingue e The Science of Sleep) para apresentar à sua família, alguém para deixá-lo plantado no altar. Com o "coração partido", a família finalmente o deixará em paz.
Nem preciso continuar. Se você já viu uma comédia romântica na vida, sabe exatamente o que vai acontecer. É tudo perfeitamente cronometrado. Ao menos Gainsbourg e Chabat fazem um bom e leve trabalho, que não mudará a vida de ninguém, mas deve agradar quem gosta do gênero. E se o francês atrapalha, é só esperar a refilmagem nos EUA... é questão de tempo.