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Adoração - Mostra SP 2008

Filme canadense dá voltas desnecessárias para falar de intolerância

08.10.2008, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H40

Adoração (Adoration, 2008), novo filme do diretor canadense de ascendência armênia Atom Egoyan, nos ensina que a intolerância se espalha mais rápido do que a compaixão. Não é uma lição complexa, a bem da verdade nem muito original. Complexos, complicadíssimos, são os caminhos que Egoyan toma para chegar a essa lição.

Adoração

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Somos apresentados a uma mulher grávida (Rachel Blanchard) que tenta embarcar num avião para Israel, dizendo que seu marido a encontrará depois. É a mesma história que o adolescente Simon (Devon Bostick) conta em voz alta numa sala de aula no Canadá, sobre como seus pais quase explodiram um avião em um atentado suicida. Em seguida uma professora de francês e teatro (Arsinée Khanjian) repete a mesma história - evento, depois vamos entender, que se passa antes da cena do aluno.

Adoração é uma narrativa não-linear, em que histórias inventadas se misturam com as histórias dos personagens, e explicar todo esse caldo tomaria um texto inteiro. O que vale dizer é que, ao final, tudo se simplifica de forma abismal. Egoyan, bem a seu modo, nos impõe informações desordenadas no começo, a exemplo de Ararat, e essa afobação aos poucos diminui, até que o fôlego se esvai por inteiro às margens do desfecho do filme.

Egoyan não é o cineasta mais conciso do mundo, mas mesmo alguns de seus longas mais prolixos, como Verdade Nua, são uniformes. Não é o caso do disforme Adoração. Ao longo do filme são colocadas questões de religião, representação, inconsciente coletivo, terrorismo midiático, tudo musicado pelo sofrido violino da trilha sonora. Ao final, sobra só o violino, literalmente.

Um exemplo de resolução precária às questões que Egoyan levanta é a cena em que o garoto joga o celular na fogueira: desde o começo, Egoyan nos levou a questionar a forma como uma informação se espalha e se debate, seja ela uma informação verídica ou mentirosa, à distância, pela via tecnológica, eternizando-se em vídeos e fotografias, para no fim simplesmente encerrar o assunto com uma simbologia batida, a do conflito que se encerra no fogo, em cinzas.

Uma das imagens mais marcantes de Adoração, a tela de computador com câmera ao vivo onde, em várias janelas, pessoas de todos os cantos discutem ao mesmo tempo, é também sua imagem mais emblemática. Atom Egoyan nos oferece muitos pontos-de-vistas ao mesmo tempo - e é humanamente impossível se filiar a todos eles.

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