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Ainda Orangotangos

Gustavo Spolidoro desafia a lógica do plano-sequência

28.08.2008, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H39

Não tem muito como inventar em filmes compostos por planos-seqüência. É tudo um grande teatro linear cuidadosamente ensaiado, com as mudanças de cenas ou narrativas limitadas por obstáculos físicos - abra uma porta e você estará em outro lugar.

Felizmente, Gustavo Spolidoro (Gigante - Como O Inter Conquistou o Mundo) manda às favas tais pré-concepções da técnica. Ainda que tenha, sim, ensaiado e passado por meses de pré-produção, Ainda Orangotangos (2007), seu longa-metragem de estréia na ficção, ao longo de 80 minutos desafia o espaço, o tempo e até as dimensões numa jornada pelo consciente e o inconsciente urbano.

São histórias sem qualquer relação a não ser a proximidade física, todas adaptadas de seis contos do livro homônimo do escritor gaúcho Paulo Scott. Todas absolutamente insanas, ainda assim possíveis.

O filme é como um trem desgovernado - e não por acaso começa dentro de um - serpenteando pela cidade de Porto Alegre. Conforme encontra personagens interessantes, sejam eles quais forem, sai dos trilhos em busca de uma história melhor, com suas câmeras digitais de alta resolução perseguindo a novidade.

Cada trama é assim um vagão, unido por alguns inteligentíssimos e inventivos truques dignos de um prestidigitador. Spolidoro salta das ruas para dentro e fora dos sonhos de uma mulher aterrorizada, acompanha doze horas de um perfumado desmaio alucinógeno em poucos segundos - e até acelera o tempo no processo (não vou dizer como para não dar uma de Mr.M e estragar a magia do cara)!

De qualquer maneira, seja você adepto da escola de Sergei Eisenstein, que culminou na crença de que o cinema é definido pela montagem, ou apreciador de outro soviétivo, Aleksandr Sokurov e seu Arca Russa, vale a visita à Porto Alegre desenfreada de Spolidoro.

Ainda Orangotangos

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