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As Lágrimas de Minha Mãe - Berlim-Buenos Aires - Mostra SP 2008

Mais um filme sobre memórias de infância - e daqueles não muito bons

17.10.2008, às 12H00.
Atualizada em 26.11.2016, ÀS 01H09

O começo de As Lágrimas de Minha Mãe - Berlim-Buenos Aires (Die Tränen Meiner Mutter, 2008), um alemão desembarcando em Buenos Aires, rodando de taxi pela Avenida 9 de Julio enquanto lembra das palavras do pai, prenunciavam uma exploração da capital federal argentina pelos olhos de um europeu. Não demora, porém, para que a expectativa transforme-se em decepção. O filme do peruano Alejandro Cardenas Amelio é mais um longa-metragem sobre lembranças de infância. E daqueles não muito bons.

A trama mostra o menino Alex (Adrian Goessel), ao lado dos pais, chegando em Berlim. A família fugiu da Argentina por causa da ditadura - que vitimou o irmão da mãe. No velho continente, o pai artista, Carlos (Rafael Ferro), amargando subempregos, sofre a saudade da pátria - se desespera no jogo da final da Copa do México (1986), verdadeira questão de honra, sua terra-natal enfrentando a nova casa, Maradona liderando o ataque. A mãe, Lizzie (Erica Rivas), porém, não quer saber. Mergulha na nova cultura, torna-se documentarista emergente, fica longos dias fora, sustentando a família com o registro de injustiças sociais ao redor do globo.

lágrimas de minha mãe

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A premissa é boa, mas a condução equivocada. O roteiro de Cuini Amelio-Ortiz , Christoph Silber e o próprio Cardenas Amelio, escorrega feio a colocar na trama um elemento sobrenatural - poderes telecinéticos - absolutamente irrelevante e destoante. Eles até tentam encaixar a idéia na história, mas simplesmente não convencem. É algo tematicamente poderoso demais para ser deixado em segundo plano e surgir apenas em determinados momentos. Aliás, fica a impressão até que a idéia surgiu por preguiça - como solução para resolver uma cena no terceiro ato (que nem precisa existir, na verdade). Fraquíssimo.

Com duas das cenas finais há até uma certa redenção - ainda que exagerada. A camisa 10 voando pela janela é simbólica. A catarse também é boa, mas como tudo no filme, irregular. Seria perfeita, mas novamente a mão pesada do diretor falou mais alto, mostrando o que não seria necessário revelar. O cineasta ainda tem que aprender que a sugestão é uma arma poderosa, assim como idéias mais simples.

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