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Awake - A Vida Por Um Fio

Suspense surpreende, mas fica a dúvida sobre suas intenções ao final

03.04.2008, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H34

Começa surpreendentemente bem Awake - A Vida Por um Fio, filme de estréia do diretor e roteirista Joby Harold. O novato usa a primeira metade de seu filme com competência e certa dose de estilo contido, criando um bom suspense e derrubando de cara o preconceito causado pelas presenças de Hayden Christensen (o inexpressivo Anakin Skywalker da trilogia nova de Star Wars) e a bela Jessica Alba (atualmente na pior fase de sua carreira).

Harold filma bem e escolheu um ótimo diretor de fotografia para auxiliá-lo. As lentes de Russell Carpenter, de Titanic e True Lies, criam uma atmosfera cheia de texturas e meio envelhecida - algo que gera um interesse especial aos cenários do hospital, onde boa parte do filme transcorre.

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Nessa primeira metade descobrimos que o milionário Clay (Christensen), recém-casado com Sam (Alba), tem uma condição cardíaca delicada. Ele precisa de um coração novo, mas seu tipo sanguíneo raro impede que um doador seja encontrado rapidamente. Por outro lado, dessa condição surgiu uma grande amizade com o médico que o salvou depois do primeiro ataque cardíaco, Jack (Terrence Howard, ótimo), o que leva Clay a exigir que ele realize o transplante. Sua mãe dominadora (Lena Olin), porém, não está nem um pouco satisfeita com as escolhas do filho. Ela rejeita a relação dele com Sam, sua assistente, e exige que a cirurgia seja realizada por um cirurgião reconhecido e arrogante (Arliss Howard), cujas mãos "já estiveram no coração de presidentes".

Lá pela metade do filme, quando começa o transplante (filmado com todos os detalhes escorregadios), começam também os problemas (ou não) da história.

A grande justificativa da trama é o fato do protagonista passar por um caso raro, mas real, de consciência durante a cirurgia, compreendendo, paralisado, tudo o que se passa ao redor (e exageradamente sentido dor, algo que não ocorre nos casos reais). Durante essa consciência ele descobre uma conspiração para matá-lo - e não pode fazer nada a respeito.

O curioso é que essa idéia central ao filme é sub-utilizada - Harold resolve toda a conspiração paralelamente, Clay não tem qualquer participação na resolução... então por que deixá-lo sabendo do risco que sua vida corre? A idéia é usada apenas para que o operado relembre seu passado enquanto preso dentro de sua mente, o que acaba resolvendo um grande trauma de infância. O problema é que tal trauma não foi suficientemente trabalhado no início - daí a dúvida... seria essa uma solução genial do roteirista (afinal, ele segue no caminho oposto do esperado) ou um tremendo erro na história?

Com apenas um filme no currículo será difícil responder a essa pergunta. Joby Harold precisa de um segundo filme para provar de que lado está: dos cineastas despertos ou dos medíocres anestesiados.

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