Balada Branca (Una Ballata Bianca), filme do italiano Stefano Odoardi, requer uma certa dose de paciência. Mas é compensador.
A produção, com curtos 78 minutos, me lembrou mais arte em vídeo, do tipo que se vê em bienais e museus de arte moderna, do que um longa-metragem. É o tipo de película que só se confere mesmo em mostras e festivais - jamais encontraria espaço no circuito comercial.
A estranheza começa pela ausência de uma narrativa com começo, meio e fim, ou qualquer estrutura convencional. Há, porém, uma história contada através de fragmentos poéticos, parte narrados em off, parte em monólogos.
Balada Branca
Usando uma câmera parada, enquadrando a cena com grande senso estético (o diretor equilibra elementos e usa a profundidade de campo para criar efeitos dramáticos interessantes), Balada Branca alterna planos com um casal de idosos em sua casa, uma mulher vagando por ruínas e duas criancinhas brincando.
Não há muito o que entender da trama, mas conforme os quadros se sucedem, há uma sensação de que trata-se de um filme sobre envelhecimento, solidão, lembranças do passado, a passividade da velhice e a proximidade da morte. Tudo muito lento, muito contemplativo. Certos planos duram quase 3 minutos, com pouquíssimo movimento na tela, apenas a narração cadenciada da voz de um dos protagonistas.
Um filme pra um dia de exploração, de vontade de experimentar novos formatos da sétima arte. Definitivamente, não é pra qualquer um - ou qualquer horário. Na sessão em que o assisti a respiração pesada de meus vizinhos de fileira fez-se notar o tempo todo. E um ou outro ronco mais forte.