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Bullying | Crítica

Documentário de Lee Hirsch esquece de investigar e entrega campanha institucional

17.10.2014, às 14H40.
Atualizada em 11.11.2016, ÀS 13H05

O despertador toca às seis horas da manhã. Ao invés de preguiça, a primeira sensação é de medo. Ir à escola é a continuação de um pesadelo.

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Em Bullying (Bully), Lee Hirsch constrói um manifesto sobre a cultura escolar americana e mostra as consequências extremas do assédio físico e emocional que afeta milhões de crianças e adolescentes no país. O tema não é novo e nem exclusivo dos norte-americanos. O Brasil importou o termo recentemente, mas a prática de discriminar e rejeitar colegas de classe baseado em motivos aleatórios sempre existiu. Basta ser gordo, magro, alto, baixo, tímido, gay, negro, oriental, pobre, ter alguma necessidade especial, gostar de algo diferente (cinema, literatura, quadrinhos, por exemplo) ou simplesmente usar óculos para ter sofrido algum tipo de discriminação, não importa o lugar.

O documentário parte de quatro casos para explorar o bullying: a adolescente lésbica de uma cidade do interior, rejeitada não só pelos colegas, mas pelos professores conservadores; a menina que, revoltada, usa a arma da mãe para se defender do abuso; o garoto que não consegue reagir às agressões; e o caso extremo que abre o filme, o rapaz que decide sair do pesadelo pelas próprias mãos. A ideia é criar um olhar intimista, mas o resultado final é mais institucional que documental. Não há questionamento ou investigação. Em nenhum momento o cineasta se preocupa em explorar as raízes da cultura da rejeição que já se tornou uma marca dos EUA.

O arquétipo dos vencedores/perdedores, nerds/populares é intrínseco a qualquer produto de entretenimento que envolva adolescentes e afins - de filmes leves como Karatê Kid e De Volta Para o Futuro à observações mais pesadas como Elefante. Hirsch, contudo, em nenhum momento leva em conta os aspectos ligados ao conservadorismo norte-americano e à máxima do sucesso que rege o país. Expõe cuidadosamente os casos e suas consequências para vítimas e familiares, mas em nenhum momento reflete sobre a natureza humana, a origem dos bullies e as causas do abuso, que pode continuar além do colégio (basta ler certos comentários aqui no Omelete ou no YouTube).

"Mais de 13 milhões de crianças norte-americanas vão sofrer bullying este ano. É preciso tomar uma atitude, passe a mensagem adiante", conclui o filme. Porém, como combater um agressor sem entender a ignorância que antecede o preconceito?

Nota do Crítico
Regular
Bullying (2011)
Bully
Bullying (2011)
Bully

Ano: 2011

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 98 min

Direção: Lee Hirsch

Roteiro: Lee Hirsch, Cynthia Lowen

Onde assistir:
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