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Call Girl - Festival do Rio 2008

Policial erótico português não tem papas na língua

30.09.2008, às 23H00.
Atualizada em 11.11.2016, ÀS 18H06
Em tempos de reforma ortográfica, por que não se familiarizar com a língua dos nossos amigos portugueses? Ainda mais se for a língua de Soraia Chaves

Call Girl

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, a escultural protagonista do policial erótico português Call Girl , que já aparece em cena vestida de dominatrix e perguntando a um cliente masoquista: "Estás a doer?" .

Na trama do filme dirigido por António-Pedro Vasconcelos, a morena dominadora, Maria, assume que virou prostituta para enriquecer fácil. E ela pode agora ganhar uma bolada com uma jogada política: Rui Mouros (Joaquim de Almeida) está sendo pago por uma grande empresa para convencer um prefeito provinciano, Carlos Meireles (Ivo Canelas), a autorizar um desmatamento em sua cidadezinha. A câmara municipal, de esquerda, todos idosos, se opõe. É aí que entra Maria. Mouros paga a call girl para seduzir Meireles.

Vasconcelos, co-criador do Centro Português de Cinema, é um nome importante da Sétima Arte do país; seu filme de 1973, Perdido por Cem, é tido como um dos exemplares do chamado Cinema Novo local. Isso não impede que Call Girl seja uma mera réplica de todos os filmes policiais eróticos que são feitos em Hollywood - com direito a striptease com luz pela veneziana, à la 9 1/2 Semanas de Amor, e um cartaz de Cães de Aluguel colado na parede da delegacia.

Aliás, os investigadores encarregados do caso de corrupção parecem saídos de Los Angeles: a dupla é formada por um policial careca e equilibrado e outro galã e sangue-quente - que, como todos os demais, afoga sua mágoas em uma boate, tem pouco apego ao distintivo e, evidentemente, vai se envolver com a prostituta. O que os difere dos outros policiais desse subgênero cinematográfico é mesmo o idioma. Os desbocados portugueses (pelo menos os do filme) falam palavrão em nível scorseseano.

E aí, com todo o respeito aos patrícios, Call Girl fica divertidíssimo (tire as crianças da frente do computador agora). "Estou mortinha para que me fodas", "vou deixar que me comas", "vamos à casa de banho para que me dês uma mamada" e "estou sem cuecas" - isso é a protagonista falando - são algumas das expressões mais correntes. É uma verdadeira aula. Dá pra aprender, por exemplo, que "mamada" e "broche" significam felação e "broche", masturbação. E "gozar" não tem dois sentidos como aqui no Brasil, significa apenas tirar sarro. Quando alguém vai gozar no sentido sexual, diz "estou-me a vir".

Deve ter sido pelo intercâmbio vernacular que a ANCINE, atual ANCINAV, o departamento que autoriza patrocínios de audiovisual no Brasil, aparece nos créditos iniciais de Call Girl. Porque personagens brasileiros no filme não há. Desculpe, tem dois: uma massagista e um michê.

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