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Crítica

Cara ou Coroa | Crítica

A Ditadura Militar pelo olhar de pessoas comuns

07.09.2012, às 15H34.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 16H03

"Não vai dar em nada, vão acabar todos andando lado a lado". Da boca de um dos personagens de Cara ou Coroa, novo filme de Ugo Giorgetti, vem a corajosa (e em parte concretizada) profecia sobre a Ditadura Militar no Brasil.

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O filme, espécie de olhar civil sobre o período, narra a história de dois irmãos (Emilio de Mello e Geraldo Rodrigues) que, em 1971, já sob os efeitos do AI-5, têm suas vidas dividas entre o teatro e a questão fundamental da época: engajar-se ou não contra a ditadura? O foco, contudo, está na rotina dos jovens, um dramaturgo viciado na sorte, de bilhetes de loteria a corridas de cavalo, e um estudante que mora de favor na casa do tio (Otávio Augusto) e namora escondido a neta (Julia Ianina) de um coronel aposentado (Walmor Chagas). A ideia não é minimizar a ditadura militar, mas a tornar mais humana, com personagens cujo caráter não se define apenas por seu posicionamento político.

Do olhar de alguém que viveu o período, temos um retrato por vezes saudosista. Há tristeza e paranoia por conta da repressão, mas existe também a lembrança da juventude, de quando tudo era possível, até mesmo o Brasil mudar - aposta que aparece no próprio título do filme.

Como na vida, os momentos de tensão e humor se misturam. O medo é ornado com um trilha sonora hitchcockiana, transformando a história em um típico suspense quando é preciso esconder dois perseguidos políticos no porão da casa do avô coronel. O riso vem por conta dos extremos sociais do Brasil setentista, como o tio (chamado de Mussolini pelos sobrinhos) que considera Paulo Maluf "gente boa", a irmã budista-hinduísta e o militante comunista (Francisco Carvalho) que, chocado com a "falta de postura" dos hippies no teatro, revela que o conservadorismo não é uma questão de direita ou esquerda.

A qualidade de Giorgetti como roteirista e cineasta é, sem perder a intensidade, conseguir fugir da postura grave que toma grande parte do cinema brasileiro na hora de tratar do período militar. Assim como o fez em Festa (1985), tratando sutilmente da abertura política e da situação social do país, em Cara ou Coroa o bom humor não tira o peso dos "Anos de Chumbo", mas mostra o lado dos brasileiros comuns que também passaram por aquela problemática conjuntura política.

Cara ou Coroa | Trailer
Cara ou Coroa | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom
Cara ou Coroa
Cara ou Coroa
Cara ou Coroa
Cara ou Coroa

Ano: 2012

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 110 min

Direção: Ugo Giorgetti

Elenco: Walmor Chagas, Otavio Augusto, Geraldo Rodrigues, Júlia Ianina, Emílio de Mello

Onde assistir:
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