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Cashback - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Comédia romântica emo-indie só quer saber de tirar a roupa da mulherada

18.10.2007, às 17H00.
Atualizada em 29.12.2016, ÀS 11H02

Ingleses são tarados por seios, de preferência os grandes. O diretor Sean Ellis deixou os curtas-metragens e se enveredou em um longa pseudo-existencialista e afetado só para poder exercitar essa tara.

A idéia de Cashback (2006) surgiu, antes, em um curta homônimo de 2004. No curta, um estudante de arte decide arrumar um emprego em um supermercado para matar as oito horas por noite em que ficaria, normalmente, sem fazer nada. O problema, depois que se arranja emprego tão trivial, é arrumar um jeito de matar oito horas... no supermercado.

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Em sua estréia em longas, Ellis adiciona à trama teores de fantasia e comédia romântica indie. Ben (Sean Biggerstaff, o Oliver Wood dos dois primeiros Harry Potter) é o tal estudante de arte, que leva um fora da namorada, Suzy (Michelle Ryan, a irresistível Mulher-Biônica), e vira ajudante de limpeza em um Sansbury para esquecê-la. Uma vez no supermercado, sua atenção se vira para a caixa Sharon (Emilia Fox) e, por que não, para as inúmeras mulheres que passam por corredores e gôndolas noite após noite.

Cashback paga tributo às comédias e séries inglesas que satirizam a banalidade do baixo emprego, como The I.T. Crowd e a insuperável The Office. No supermercado, Ben aposta corrida de patinete, joga futebol com o gerente ultra-competitivo, assiste aos dons de kung-fu de outro faxineiro. Há humor nas coisas ridículas do mercado de trabalho, muito humor.

O caso é que Ben está em crise - não esquece a ex-namorada, não consegue beijar a loira do caixa e ainda fica relembrando seu passado de dissabores amorosos em flashbacks-de-infância. Enquanto os outros empregados do Sansbury curtem a vida adoidado, para Ben virar emo só falta a franja.

Mas não se deixe levar pelo sentimento. Sean Ellis prepara toda essa salada de subgêneros só para conseguir tirar a roupa das meninas. Cashback inventa um truque de realismo fantástico para Ben: ele consegue congelar o tempo e, com isso, despir as clientes do mercado, que se tornam modelos para os desenhos do estudante de arte. Ben fala qualquer coisa na narração em off, qualquer coisa que me foge agora (quando as falas do narrador começam a ficar redundantes demais a tendência é desligar o volume mental), mas o que interessa não é o que ele diz. Interessa é que meia-dúzia de belas garotas aparecem peladas durante as compras.

Não poderia haver cenário mais propício para a proposta de Cashback do que algumas prateleiras de enlatados - o filme é um apanhado de clichês, abusos de zooms em câmeras lentas, losers sentimentais, todo o tipo de tique de filme estilo Sundance, como promessas higiênicas de uma vida sem colesterol. Sean Ellis poderia ter ficado com os curtas... A cena das peladas, que no fundo é o que importa, daria uma excelente sessão de 15 minutos.

Ou, então, que Ellis se decidisse se prefere o rude humor inglês ou o oco cinema emo-indie. Não dá para ter as inconciliáveis duas coisas ao mesmo tempo.

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