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Cine Holliúdy | Crítica

Comédia joga com cinefilia mas tem mais parentesco com o humor de rua e com a TV

14.11.2013, às 16H35.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H10

Se a comédia Cine Holliúdy se tornou um fenômeno no Nordeste do Brasil, com mais de 400 mil espectadores nos cinemas, não é só porque faz uma piada interna com seu público direto, colocando legendas sobre os diálogos em "cearensês". É também porque escolhe seguir um tipo emocional de cinefilia que costuma pegar de imediato todo tipo de público, sem distinção.

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Como Cinema Paradiso, o longa brasileiro apela para a nostalgia coletiva e junta gerações de adultos e crianças para lamentar o fim do cinema "de antigamente". No caso de Cine Holliúdy, cuja trama se passa nos anos 1970, Francisgleydisson (Edmilson Filho) vive mudando de cidade em cidade com sua família pelo interior do Ceará enquanto tenta se firmar como exibidor de filmes de monstros e artes marciais, enquanto a ameaça da televisão espreita em casas e praças.

Vem da infância do diretor Halder Gomes (que havia feito Cine Holliúdy como um curta em 2004) essa preferência pelo cinema de ação, que ele divide com boa parte de seu elenco, incluindo participações especiais como a de Aldenir Coti, o "Rambu da Amazônia". A questão é que Cine Holliúdy não transforma esse aceno ao passado, essa devoção ao cinema de massa, em um exercício de cinema.

Na verdade, a linguagem do filme tem muito mais a ver com a própria televisão - nas suas escolhas fáceis que lembram teledramaturgia, dos excessos de close-up à trilha sonora - e com uma tradição de humor oral e de farsa que existe no Brasil desde antes do advento do cinema. É sintomático que o negócio de Francisgleydisson termine virando um tablado a certa altura, porque o filme deve mais ao teatro de revista e ao circo - formas de expressão popular que também perderam espaço para a TV e mesmo para o cinema - do que ao cinema em si.

Por precário que seja, Cine Holliúdy tem seu ponto forte, então, justamente nesses elementos cômicos criados primeiro no teatro e no circo: os personagens caricatos e o seu senso de palco, com uma verborragia que lembra menos cinema e mais performance de rua, onde a atenção dos passantes precisa ser mantida o tempo inteiro. O cinema, mesmo o de comédia, tem um outro tempo, mais particular, e Gomes tem dificuldade em capturá-lo.

O que fica, no fim, são mesmo as performances, e não espanta saber que o ótimo Edmilson Filho vai agora fazer uma série na Rede Globo. É da televisão que emula o teatro de revista, afinal, e não do cinema, que Cine Holliúdy se aproxima mais.

Nota do Crítico
Regular
Cine Holliúdy
Cine Holliúdy
Cine Holliúdy
Cine Holliúdy

Ano: 2013

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 91 min

Direção: Halder Gomes

Roteiro: Halder Gomes

Elenco: Edmilson Filho, Miriam Freeland, Joel Gomes, Falcão

Onde assistir:
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