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Crítica

Na Quebrada | Crítica

Filme foca na maneira como o jovem da periferia lida com seu sonhos

15.10.2014, às 17H40.
Atualizada em 10.01.2015, ÀS 18H19

Primeiro longa de ficção dirigido por Fernando Grostein Andrade, conhecido por documentários como Quebrando o TabuNa Quebrada (2014) conta a história de um grupo de jovens da periferia que tiveram a oportunidade de mudar de vida ao entrar para um curso de cinema no Instituto Criar.

Zeca (Felipe Simas) é um jovem que toma um tiro em uma chacina e está prestes a entrar para o mundo do crime por vingança, quando conhece o cinema. Ele leva para as aulas o amigo Gerson (Jorge Dias), filho de um traficante de respeito (Anderson Lima) que mantinha Gerson longe do crime. Ouando o garoto se vê herdeiro da trajetória do pai, ele tem de escolher entre o cinema e o tráfico. No curso, os dois amigos entram em contato com outros três jovens de histórias diferentes que fecham o elenco.

Na-Quebrada

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O filme fragmenta as histórias dos cinco principais em um fluxo descontínuo. Com diversos flashback sobre o passado de cada um, o foco do longa não é a história de um ou outro personagem e, sim, a relação de cada jovem com seu sonho. Um deles, Júnior (Jean Luis Amorim, o Pedro Bala do Capitães da Areia), fascinado por elétrica, sempre acaba explodindo tudo o que tenta consertar. e sua história acaba sendo o alívio cômico, num filme que busca vários tons.

O elenco conta com muitos atores amadores, jovens da periferia, e uma boa porção de presidiários e ex-presidiários que fizeram teatro dentro da penitenciária. Anderson Lima, que interpreta o traficante pai de Gerson, ainda cumpria pena quando filmou e, em meio à mistura de amadores e profissionais, o ator convence que faz parte do time de veteranos.

Os diálogos não economizam em gírias que, de certa forma, funcionam muito bem quando saídas da boca de atores que viveram nas quebradas e sabem manejar o vocabulário. As cenas de violência são fortes, porém simples. O choque não vem de perseguições, tiros ou da quantidade de mortes, mas do olhar na hora do tiro, da mão trêmula que toca a ferida, do relance de um corpo jogado no lixo, de uma faca menor que uma caneta que entra três vezes na carne de um presidiário durante a rebelião.

A pobreza, o controle do tráfico, a falta de oportunidades e de perspectiva, tudo isso não foge muito da regra dos filmes sobre a periferia. No entanto, a câmera inquieta, os closes e planos de detalhes, a trilha sonora e até mesmo o amadorismo dão uma sensibilidade e uma delicadeza muito particulares a Na Quebrada.

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