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Crítica

Crítica: Ninja Assassino

Roteiro, elenco, direção... nada se salva na produção dos irmãos Wachowski

04.02.2010, às 17H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 11H03

Até Ninja Assassino (Ninja Assassin, 2009) eu acreditava que não havia como errar com esses enigmáticos e letais guerreiros. Os furtivos assassinos e espiões do Japão feudal fascinam nas telas e literatura há mais de século e renderam um verdadeiro subgênero no cinema nas décadas de 1970 e 80. Quentin Tarantino buscou inspiração nesses filmes para seu Kill Bill. Já Frank Miller encheu suas páginas com esses personagens em histórias em quadrinhos antológicas como Demolidor e Elektra.

Fanáticos por mangás e animês, era de se esperar que os irmãos Wachowski tivessem uma abordagem inovadora para os ninjas. Afinal, sua reinvenção dos filmes de artes marciais Matrix mudou todo o cinema de ação em 1999. Ledo engano. Ao colocarem seu colaborador frequente James McTeigue (V de Vingança) na direção, os irmãos assinam embaixo de uma produção que de tão grosseira chega a ser até cômica.

Ninja Assassino

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O roteiro coassinado pelo quadrinista J. Michael Straczynski com Matthew Sand é uma típica história de vingança e traição. Ele acompanha Raizo (Rain), um dos assassinos mais mortais do mundo. Tirado das ruas ainda garoto, ele foi transformado em um matador pelo Clã Ozunu, sociedade secreta cuja existência é considerada um mito. Mas assombrado pela execução sumária de uma amiga pelo Clã, Raizo se rebela... E desaparece. Caçado, ele aguarda, preparando sua vingança.

Seria uma história decente se bem contada. Mas há erros grosseiros de roteiro. Note, por exemplo, como a Europol segue o rastreador da agente vivida por Naomi Harris - e vai para o lugar errado (o rastreador já não estava mais ali). Ou o Volkswagen de luxo que bate de frente... sem disparar seus airbags (estamos em 2010... isso não cola mais). Sem falar no inexplicável clímax, que migra da Alemanha para o que parece ser o interior da China.

Não ajuda o fato do protagonista, o cantor de pop coreano Rain, não falar inglês e ter que decorar suas falas. E tome frases absolutamente banais, declamadas com voz forçadamente rouca pelo sujeito como se fossem bordões. A tensa "corra, eles já estão aqui", na interpretação de Rain, tem o mesmo peso dramático que "comprei uma calça 34". Ele fala pouco - daria até pra perdoar -, mas todo o núcleo romântico do filme exige algum talento para não soar piegas. E aí Ninja Assassino desmorona mesmo. Na terceira vez que ele menciona "você tem um coração especial" a vontade é de sair do cinema. Ao menos Sho Kosugi, ícone japonês dos filmes de ninja dos anos 80, está lá para salvar o dia como o cruel líder do clã.

Como se não bastassem todos esses problemas, McTiegue não sabe filmar. Tem nas mãos o melhor time de dublês do mercado, o 87 Eleven (de filmes como 300, Watchmen e trilogias Matrix e Bourne) e insiste em cortes rápidos, incompreensíveis, jamais valorizando as habilidades pelas quais a trupe do 87 é conhecida (um vídeo vazado de bastidores mostrava-os dando saltos e movimentos impossíveis nas cenas, mas nada disso pode ser visto no filme). Começa a ação e McTiegue prefere filmar borrões e tremer a câmera que efetivamente mostrar o que está acontecendo.

Lamentável. Fique em casa e procure Ninja Americano 4 em alguma reprise na TV aberta. É tão bom quanto.

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Nota do Crítico
Ruim
Ninja Assassino
Ninja Assassin
Ninja Assassino
Ninja Assassin

Ano: 2009

País: EUA

Classificação: 18 anos

Duração: 99 min

Direção: Robert Houston

Elenco: Tomisaburo Wakayama, Akihiro Tomikawa, Kayo Matsuo, Minoru Oki, Akiji Kobayashi, Shin Kishida

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