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Crítica

Crítica: O Contador de Histórias

Filme cheio de boas intenção não é uma história bem contada

06.08.2009, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H50

Não chega a ser irônico, mas é no mínimo lastimável, que um filme intitulado O Contador de Histórias não saiba usar as ferramentas dadas pelo cinema para... contar uma história.

Roberto Carlos tem 13 anos e acabou de passar pelo maior trauma da sua vida. Anda cambaleante sobre trilhos e de repente ajoelha. Ouvimos o apito do trem, enxergamos o trem ao longe, e Roberto continua ajoelhado no chão, sobre os trilhos. Daí a narração em off em primeira pessoa dispara a obviedade: "Naquele dia, eu queria morrer".

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Tudo bem, perdoa-se o amadorismo porque o Roberto Carlos Ramos real - ex-interno da Febem que hoje é pedagogo e escritor, cuja vida deu origem ao filme - carrega consigo o longevo legado da história oral. A produção do filme diz que Roberto Carlos é "um dos dez maiores contadores de histórias do mundo". Não importa como se calcula ou quem julga isso; o fato é que o verbo é a sua ferramenta.

Mas não é a única do diretor do filme, Luiz Villaça, nem é a única ferramenta dos roteiristas Mauricio Arruda, José Roberto Torero e Mariana Veríssimo, que escreveram o filme com Villaça. Transbordam boas intenções em O Contador de Histórias, mas desde o começo o didatismo enfraquece uma premissa que teria potencial para ser um Peixe Grande - na medida em que a imaginação substitui a dureza da realidade - com mensagem social.

Pontualmente, há a mensagem contra a insensibilidade do Estado e a favor da família. Roberto Carlos (interpretado em três momentos, aos 6, aos 13 e aos 20, pelos atores Marco Antonio, Paulo Henrique e Clayton dos Santos da Silva) cresceu numa época em que o internato na Febem era opção da classe desfavorecida para dar estudo a seus filhos. Com 13 anos, porém, foi considerado irrecuperável pela instituição. Entra a francesa Margherit Duvas (Maria de Medeiros), que abre sua casa ao garoto e lhe dá o que no fundo sempre faltou: carinho de mãe.

Ali no meio, entre as boas intenções e os didatismos, entre toques de Pigmalião e de paternalismo, encontram-se alguns achados - a mania de Roberto Carlos bafejar no vidro e desenhar em cima, por exemplo, antecipa sua vocação para fabular. É o tipo de coisa que parece tão autêntico (com todo o respeito aos roteiristas) que só pode ter vindo das lembranças de fato do biografado.

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Nota do Crítico
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O Contador de Histórias
O Contador de Histórias
O Contador de Histórias
O Contador de Histórias

Ano: 2009

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 100 min

Direção: Luiz Villaça

Elenco: Maria de Medeiros, Teuda Bara, Ju Colombo, Victor Augusto da Silva

Onde assistir:
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