Na manhã de segunda Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness) foi apresentado à imprensa brasileira pela Fox Film. Agora, na seção Da Frigideira o Omelete dá suas primeiras (e rápidas) impressões sobre o longa-metragem, que será devidamente criticado por aqui na semana de seu lançamento.
Como grande fã do escritor português José Saramago fui o escolhido aqui da Cozinha para conferir a adaptação do mais visceral romance do autor português às telas, cuja trama narra uma inexplicável epidemia de cegueira e se passa em grande parte dentro de uma estrutura de confinamento para os que perderam a visão.
Nem vou começar aqui a dizer que "me preocupava com o filme" ou coisa assim. Apesar de ter a obra do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura entre as minhas preferidas, minha confiança no cineasta Fernando Meirelles bastou para manter minhas expectativas elevadas.
E o diretor de Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel não decepcionou. Esqueça as críticas ruins no Festival de Cinema de Cannes. Filmes com temática forte são quase sempre complicados e geralmente não agradam. Mas para cada pessoa que diz não ter gostado (até imagino as embonecadas caras de nojo no balneário francês) há os que amaram a produção. É, sim, um filme difícil - mas o livro é muito mais.
O diretor brasileiro soube esconder um pouco da imundície que tornaria a produção simplesmente "improjetável". E no caos há a beleza da direção de fotografia de César Charlone (que além dos dois mais recentes filmes de Meirelles fez também O Banheiro do Papa) e a edição inspirada de Daniel Rezende (Cidade de Deus, Tropa de Elite). O power trio simplesmente parece ter se reinventado para Ensaio Sobre a Cegueira, mergulhando em conceitos e significados que foram transformados em linguagem cinematográfica. Alguns momentos são de puro brilhantismo e cada quadro parece ter sido exaustivamente pensado em função da narrativa e seu efeito. Com o perdão do trocadilho, é o tipo de cinema que dá gosto de ver.
A Fox lança o filme no Brasil em 12 de setembro.