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Déficit - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

A estréia na direção de Gael García Bernal

21.10.2007, às 00H00.
Atualizada em 19.12.2016, ÀS 10H05

Gael Garcia Bernal, um dos mais famosos e prolíficos atores da nova geração do México, estréia na direção com o drama Déficit. Não conseguiu ficar apenas atrás da câmeras, porém. Além de diretor ele também é o protagonista do filme.

A divisão de atenção não fez bem à produção. Geralmente um bom ator, em Déficit Bernal está bastante irregular. Fica a dúvida se ele é um bom ator quando é bem dirigido - ele sempre trabalha com ótimos diretores, afinal - ou se é um bom ator sempre e ficou desconcentrado pelas novas funções.

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De qualquer maneira, Déficit é um filme interessante e um debute razoável como cineasta para Bernal. É especialmente boa a maneira como ele constrói cuidadosamente sua trama simples, dando pequenas pistas o tempo todo de suas intenções.

A história mostra um fim de semana de jovens ricos e bonitos numa bela propriedade no campo do pai de um deles. Cristobal (Bernal) espera amigos para um dia de churrasco, piscina e festinha noturna. Cuidando dos preparativos estão os caseiros do local e o jardineiro, com quem Cristobal cresceu brincando (um ótimo ator o interpreta, sua expressão corporal dentro e fora da mansão são marcantes).

Déficit mostra também com competência - e sem exageros - as diferenças sociais no México, algo que não vemos sempre no cinema (estamos acostumados a ver mexicanos discriminados ao norte da fronteira, não dentro de seu próprio país). As classes menos privilegiadas, de traços astecas, trabalham para os belos descendentes dos espanhóis, que são os únicos a quem a mídia tem qualquer interesse.

O país, que visitei duas vezes, é mesmo de um contraste chocante. Nas ruas jamais vi qualquer um dessas pessoas que aparecem na televisão e nas revistas, os "Rebeldes", feito a novelinha adolescentes. Só há mesmo a população de traços nativos marcantes. Os outros só mesmo em hotéis chiques e casas noturnas badaladas.

Bernal parece incomodado com isso e explora o assunto em seu filme, mas não necessariamente apontando dedos. Cristobal não é "culpado" da situação, mas também, de certo modo, uma vítima, um filho da crise (daí o título politizado). Mas não procure por respostas no filme. O cineasta deixa a questão no ar, como um tema de debate.

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