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Delírios

Comédia sem graça promete - e não cumpre - criticar mundo de celebridades & paparazzi

20.03.2008, às 14H00.
Atualizada em 22.01.2017, ÀS 10H04

Se você não suporta mais saber de celebridades e paparazzi, não é o filme Delírios (Delirious, 2006), com sua ironia de mentirinha, que vai vingá-lo. A comédia dramática de Tom DiCillo se aproxima do tema prometendo subvertê-lo, mas no final apenas corrobora o mundinho das estrelas.

Michael Pitt (Os Sonhadores, Last Days) interpreta Toby, um sem-teto que circula por aí catando comida e dormindo em caçambas. Depois de uma rápida troca de favores, Toby fica amigo do paparazzo Les Galantine (Steve Buscemi), que dá casa ao sem-teto enquanto este se oferece para ser assistente do fotógrafo.

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Tudo ia bem na relação dos dois até que Toby se aproxima da cantora pop K'Harma (Alison Lohman) - amor à primeira vista. Meteoricamente, uma diretora de casting descobre em Toby um promissor astro - o background de mendigo é o seu selo de autenticidade. Nessa história, Les fica para trás, e a amizade dos dois é posta em risco.

O trabalho mais conhecido de DiCillo nas telas foi justamente a sua estréia, Johnny Suede (1991). Desde então o roteirista, diretor de fotografia e cineasta nunca decolou, e em boa parte Delírios prova por quê. O roteiro é uma apanhado de idéias de outros filmes - o sem-teto "puro" que se infiltra entre os esnobes, para começar, é matéria-prima de várias comédias hollywoodianas, isso sem contar a subtrama do fotógrafo fracassado por nunca conseguir agradar os pais. São clichês genérico, e, aqui, mal executados. DiCillo não tem nenhum arroubo de genialidade com a câmera na mão, e se limita a executar o roteiro com as soluções visuais mais triviais.

Se ao menos as piadas fossem boas... Buscemi, por si só, já é um tipo bastante cômico, mas às vezes caricatura não basta. Delírios ensaia implodir o showbiz a todo instante, e no minuto seguinte se entrega e acaba reverenciando esse mesmo showbiz, particularmente com o rumo que dá ao personagem de Pitt.

O título, em si, é uma ironia, como se esse conto-de-fadas do sem-teto fosse apenas um delírio de fama, mas o que se vê na tela é a consumação do sonho de estrelato. Delírios é o típico filme de uma piada só que não consegue se desvincilhar do status quo - seja o status quo do assunto que aborda, seja o status quo das fórmulas de cinema.

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