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CONFLITOS MUNDIAIS TÊM ORIGEM EM QUESTÕES FAMILIARES.
O lançamento caprichadíssimo - e pouco comentado - da coleção dos primeiros três filmes com o personagem Jack Ryan estimula algumas reflexões nos espectadores mais cuidadosos.
Os filmes são baseados nos livros de Tom Clancy, criador de Jack, herói da inteligência americana. Não se trata de um protagonista comum nos filmes de ação. Sim, ele corre, luta, atira, protege o país mais poderoso do mundo, mas pensa, reflete, faz conexões, utiliza seu conhecimento de história e estratégia militar. Não age pelo simples impulso. Jack Ryan é especialista em biografias de personagens históricos de seu tempo.
No primeiro filme A caçada ao Outubro vermelho (1990) Jack - vivido por Alec Baldwin - tenta decifrar o mistério do desvio de um submarino soviético. O capitão da embarcação é vivido por Sean Connery, um desertor do regime soviético. Ele não vê mais sentido na Cortina de Ferro, especialmente após a morte de sua mulher.
Assim, sua motivação não é política, nem megalomaníaca, tipo conquista do mundo, tão comum em filmes de aventuras. Seu problema é absolutamente pessoal, banal. Isto é decifrado por Jack, que conhece a história do personagem de Connery.
O indivíduo inserido na sua família ou no círculo restrito de amizades é o ponto de partida dos três filmes. A teoria de Clancy é: o heroísmo decorre da convocação urgente para a defesa de um ente querido, seja ele da família ou um amigo especial. Isto provoca reação em cadeia, beirando o conflito mundial. Nos três episódios Jack Ryan é pego de surpresa para suas missões.
No segundo episódio, Jogos patrióticos (1992) Jack é envolvido em uma trama terrorista quando menos espera. Em sossegada viagem de férias a Londres com a esposa e filha, ao evitar um atentado político pelo grupo IRA, mata o irmão daquele que será o perseguidor do nosso herói.
Em Perigo real e imediato (1994) Harrison Ford é novamente Jack Ryan, envolvido em trama que articula a Casa Branca e o narcotráfico. O presidente dos Estados Unidos tem um de seus maiores amigos morto em uma emboscada em alto mar. Logo ficamos sabendo que o tal amigo era envolvido com o narcotráfico.
Tom Clancy acredita no poder de Jack Ryan para restabelecer laços, ratificando a família como uma tranqüilidade necessária. Neste terceiro episódio o herói, defendendo seus princípios de bom pai, marido e cidadão, chega a invadir a sala do presidente dos estados Unidos para lhe passar uma descompostura.
Jack Ryan traz à tona uma discussão atual: como um cidadão comum pode ter acesso ao poder? A resposta é: em defesa de seus amigos e de sua família. Há ainda no personagem uma coerente busca da verdade, não a da grandeza filosófica e, portanto inacessível, mas a do humano comum, o vizinho do lado ou nós mesmos. A identificação é imediata, como somos heróicos se a oportunidade e a coragem permitir!
Pequeno dado técnico: é esplendida a versão widescreen anamórfica com som DTS! É de babar... Parabéns Paramount! Fervam no inferno as outras produtoras que nos impõe o maldito 3X4! ou tela cheia... argh
