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Crítica

E Se Vivêssemos Todos Juntos? | Crítica

Dignidade até o fim

11.10.2012, às 22H50.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H47

Nascer, crescer, envelhecer, morrer. O ciclo da vida, conforme aprendemos na escola (ou em O Rei Leão). Velhice e morte, porém, permanecem tabus. Palavras que conhecemos, mas evitamos explorar o significado até que seja indispensável.

E se vivessemos todos juntos

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E se vivessemos todos juntos

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E se vivessemos todos juntos

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Em E Se Vivêssemos Todos Juntos?, o diretor e roteirista Stéphane Robelin assume o indesejado e constrói, em uma comédia dramática, um relato quase documental da última etapa da vida. Um retrato da velhice tão verdadeiro que causa desconforto. Não é fácil ver as limitações do nosso corpo, a possibilidade de perder a autonomia, a liberdade.

Dignidade é o que procuram Annie (Geraldine Chaplin), Jean (Guy Bedos), Claude (Claude Rich), Albert (Pierre Richard) e Jeanne (Jane Fonda) quando decidem morar juntos. Depois de ver o fotógrafo bon vivant Claude preso à cama de uma casa de repouso (um eufemismo para corredor da morte), os cinco amigos decidem dividir o mesmo teto para transformar seus últimos anos em mais do que uma simples espera pelo inevitável. Dirk (Daniel Brühl), um acadêmico alemão em pesquisa de campo, acompanha o grupo e documenta a experiência de não conformismo.

A verdade do filme de Robelin vem principalmente do seu elenco. Todo o drama e humor tem base na realidade dos próprios atores, que tem idades entre 68 (Geraldine Chaplin, a filha Charles Chaplin) e 83 anos (Claude Rich). Jeanne, por exemplo, deixa Dirk constrangido ao questioná-lo se o sexo entraria na sua tese. Um tabu que a própria Jane Fonda quebrou ao falar abertamente sobre sua vida sexual aos 75 anos. A autenticidade do roteiro só se perde quando tenta, com pouco sucesso, inserir pequenas intrigas - como casos do passado revelados ou o drama da namorada grudenta de Dirk. Já a quantidade de remédios, a perda da mobilidade e da memória, o preconceito e o descaso dos jovens estão lá. Com uma sinceridade quase cruel.

Se envelhecer é difícil mesmo para um abastado grupo europeu, que rega seus encontros a bons vinhos, a realidade de grande parte dos brasileiros é ainda mais complexa. A rara e necessária reflexão de E Se Vivêssemos Todos Juntos?, contudo, serve para todos os contextos, independente da realidade econômica do país: é preciso reconhecer a própria perecibilidade. Ao admitir que, com sorte, envelheceremos, fica mais fácil o caminho para uma terceira idade digna - a óbvia e ignorada regra de tratar o próximo como você gostaria de ser tratado.

Se Vivêssemos Todos Juntos? | Trailer
Se Vivêssemos Todos Juntos? | Cinemas e Horários

Nota do Crítico
Bom
E se Vivêssemos Todos Juntos?
Et si on Vivait Tous Ensemble?
E se Vivêssemos Todos Juntos?
Et si on Vivait Tous Ensemble?

Ano: 2012

País: França, Alemanha

Classificação: 14 anos

Duração: 96 min

Direção: Stéphane Robelin

Elenco: Guy Bedos, Daniel Brühl, Geraldine Chaplin, Jane Fonda, Claude Rich, Pierre Richard, Bernard Malaka

Onde assistir:
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