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El Greco - Mostra SP 2008

Biografia do pintor pós-renascentista dá vontade de correr para alugar o Van Gogh de Pialat

17.10.2008, às 12H00.
Atualizada em 05.12.2016, ÀS 11H01

É possível que o diretor Yannis Smaragdis tenha imaginado narrar em El Greco (2007) a história do pintor pós-renascentista Doménikos Theotokópoulos de forma épica, magistral, como merecia, de fato, o artista nascido em Creta, conhecido como El Greco. Dá para notar que o diretor se esforça, tenta dar contornos romanceados à biografia do artista adorado por Picasso e que influenciaria notavelmente tanto o Impressionismo quanto o Cubismo.

Esforça-se, é verdade, mas fracassa inelutavelmente. El Greco assemelha-se a um folhetim. A narrativa exagera na caracterização do pintor como um artista incompreendido, perseguido por fantasmas do passado.

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No elenco está o outro grande problema do filme, além dos esparsos efeitos especiais, destinados a causar certo constrangimento nos mais sensíveis. Nick Ashdon não está bem no papel principal. O que não chega a ser necessariamente um desastre, já que o roteiro, preocupado em falar de tudo, acaba não falando de quase nada.

O filme narra episódios da vida do artista desde sua saída de Creta, a ida à Veneza, o trabalho no ateliê de Ticiano e seu envolvimento ambíguo com o religioso espanhol Niño de Guevara (vivido por Juan Diego Botto), que o convenceria a se mudar para a Espanha. Os conflitos do padre modesto, que se torna um inquisidor importante, chega a ser até mais interessante que a própria vida do pintor, em parte, graças à atuação competente de Juan Diego Botto.

O que se aprende com El Greco é pouco (e duvidoso), o que se sente é quase nada, além de uma certa inquietação durante a sessão arrastada. Pouco se fala do processo criativo do pintor, de seus trabalhos mais célebres, da importância de Toledo em sua obra. E como a vida pessoal de El Greco não foi particularmente excitante, o que sobra é muito pouco mesmo.

No final das contas, a vontade que dá é sair correndo, ir à locadora e levar para casa o Van Gogh (1991), de Maurice Pialat, magistralmente interpretado pelo cantor pop francês Jacques Dutronc. Aqui está uma biografia que todo diretor interessando em filmar a vida de um artista deveria ver.

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