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Eu Sou a Lenda - Detalhes de produção

Em entrevista coletiva, ator, diretor e produtor falam da produção

15.01.2008, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H32

Eu Sou A Lenda (I Am Legend, 2007) é um desses projetos que circulam há séculos por Hollywood. A adaptação de Mark Protosevich (A cela) para o livro de Richard Matheson estava parada na Warner Bros. desde meados da década de 1990 e um sem-fim de cineastas e astros tentou tirá-la do papel. Arnold Schwarzenegger quase conseguiu, mas foi cuidar de um trabalho diferente... governar a Califórnia. Além dele Ridley Scott, James Cameron e Michael Bay também analisaram o projeto. Até que Francis Lawrence surgiu.

Em 2004, o diretor impressionou a WB com o resultado de Constantine, e ganhou o direito de dirigir o projeto. Nessa época, Will Smith já desejava fazê-lo e os dois se encontraram para discutir a produção. Completando a equipe principal estava o produtor e roteirista Akiva Goldsman (dono de um Oscar por Uma Mente Brilhante e do desprezo dos fãs de quadrinhos por Batman & Robin). Com as peças-chave no lugar, mais dois anos seriam necessários para uma nova versão do roteiro.

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Eram dezenas de versões diferentes do filme, inúmeras idéias e conceitos criados por Protosevich ao longo de uma década. Assim, Goldsman, Lawrence e Smith encontravam-se para discutir os rumos da nova produção. "Trabalhávamos juntos, eu voltava pra casa, escrevia. Encontrava eles, trabalhávamos mais, eu voltava pra casa, escrevia... Trabalhei bem mais que eles. Deveria ganhar mais", comentou Goldsman em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro para divulgação do filme. "Mas é justamente por isso que você está em greve!", retrucou o brincalhão Smith, também em visita à Cidade Maravilhosa, ao lado de Lawrence.

O novo filme deveria atualizar as idéias da obra original, refletindo preocupações atuais e ser mais realista que as duas versões que já foram adaptadas no passado: Mortos que matam (The Last Man on Earth, 1964) e A Última Esperança Sobre a Terra (The Omega Man, 1971).

Na história, Robert Neville (Smith) é um brilhante cientista que não foi capaz de conter um terrível vírus incurável, fabricado pelo homem, que transforma pessoas em monstros mutantes. Porém, de alguma forma, Neville é imune ao vírus. Por isso, é também o último humano sobrevivente no que restou de Nova York e, talvez, do mundo. Por três longos anos ele tem enviado desesperadas mensagens de rádio em busca de possíveis sobreviventes e tentado encontrar uma maneira de reverter a devastação. E ele não está sozinho...

"O vírus foi modernizado para tentar adequar o conceito dos vampiros [do original] para a atualidade. Buscamos uma maneira de transformar humanos em monstros de forma científica", seguiu Goldsman. "Li o roteiro há 10 anos e o conceito segue perfeito. As idéias primárias dele, o medo de solidão, de escuro, de errar, de perder, estão pré-programados na humanidade", completou Smith. O fato do longa-metragem ser um amálgama de gêneros, e não um típico filme-de-gênero, também empolgou o trio a começá-lo pra valer.

Quando a história finalmente foi acertada, vieram outros problemas. Com a passagem da ação de Los Angeles para Nova York - "a cidade é muito mais icônica que LA e tem maior apelo para o público mundial", segundo Lawrence - era necessário pensar em como fazê-lo. E o cineasta sabia exatamente o que queria. "Desde o início quisemos o filme mais realista, então fomos até Nova York, pedimos autorização e nos deixaram gravar nas ruas da cidade, de verdade. Os nova-iorquinos é que não gostaram muito", continua o cineasta, referindo-se ao enorme transtorno causado pelo fechamento de quarteirões inteiros do superpopuloso conglomerado urbano, além de outros locais igualmente complicados, como a entrada da Estação Grand Central, simplesmente a mais movimentada do planeta.

"Eu já acho que eles adoraram a gente lá. Viviam me fazendo sinais de 'Will, você é o número um!'... só que estranhamente usavam o dedo errado...", brincou o astro Will Smith sobre as dificuldades.

As filmagens começaram no final de 2006, mas faltando poucos meses para as câmeras começarem a rodar ainda faltava um elemento importante do filme: a personagem principal feminina. "Tínhamos basicamente apenas dois personagens no filme, um simbolizando a ciência e o outro a fé", explicou Lawrence. "Nos encontramos com Alice Braga em Nova York e ela imediatamente me convenceu de que seria uma ótima sobrevivente. E há algo de angelical nela... seu rosto, seus olhos... e a idéia de ela ser brasileira dava ao filme um ar mais global - de que aquilo estava acontecendo em outras partes também". A brasileira de Cidade de Deus, A Via Láctea, Só Deus Sabe e Cidade Baixa foi imediatamente contratada. "Ela foi o primeiro e único teste que fizemos. Ficou com o papel imediatamente", comentou Lawrence.

"Alice é tão autêntica que eu vi Cidade de Deus e quis imediatamente trabalhar com ela", seguiu Will Smith."Ela atua de maneira natural, trabalha maravilhosamente bem". Mas será que o apreço do ator pela paulistana e pelo Brasil o levariam a trabalhar por aqui? "Akiva e eu sempre falamos sobre filmar no Brasil. É só uma questão de tempo".

Muito mais difícil foi escolher a parceira de Smith na primeira hora do filme, a cadela Sam. Os produtores testaram diversos animais treinados, mas o diretor simplesmente recusava todos. Faltava "algo mais" nos cães treinados. Até que um treinador encontrou a cadela Abbey num canil e decidiu levá-la ao cineasta. Lawrence aprovou-a, apesar de um certo nervosismo. "Já é difícil trabalhar com animais, mais ainda se eles não forem treinados", mas a cadela - que ninguém fala com todas as letras, mas aparentemente aguardava sacrifício - demonstrou uma inteligência acima do comum. "Ela é tão inteligente que parecia que entendia inglês. O lado ruim é que depois disso pude perceber como os meus cães são incrivelmente burros!", impressiona-se Smith com a companhia canina. Só havia uma regra no set em relação a ela: ninguém podia tocá-la, para que ela não se desconcentrasse.

As gravações aconteceram até março de 2007 em Nova York e no Arsenal de Kingsbridge, no bairro do Bronx. O local histórico, que se deteriorava, foi convertido em estúdio e serviu exclusivamente para as internas e uma das mais impressionantes cenas: a da Times Square deserta. Essa cena foi a única externa a ser totalmente gerada a partir de computação gráfica. Os computadores entraram também em todas as cenas envolvendo os monstros. Os atores estavam vestidos com macacões de captura de movimento (segundo Alice Braga, "eles pareciam teletubbies" com aquelas roupas) e foram mais tarde trocados por bonecos 3-D.

Nenhuma cena, porém, exigiu tanto quanto a cena no porto ao lado da Ponte do Brooklyn. Centenas de extras, colaboração do exército, meses de burocracia para obter as permissões necessárias, caríssimos efeitos especiais e a própria construção do porto - que dava uma visão privilegiada da cidade atrás -, foram alguns do elementos que chamam a atenção pela complexidade. O resultado é uma das mais incríveis cenas da ficção científica recente.

O público de todo o mundo respondeu muito bem ao filme. Recorde de abertura em dezembro nos Estados Unidos e o maior filme da carreira de Will Smith até hoje, Eu Sou a Lenda se aproxima de impressionantes 450 milhões de dólares mundialmente. E como em Hollywood tal soma é sinônimo de continuação, a Warner Bros. apressou-se em garantir os direitos para mais um filme nesse universo. Mas como seria? "Obviamente estamos pensando nisso, mas tudo vai depender da história e da idéia; se conseguiremos criar algo emocionante, dramático e empolgante. Tomara que sim. Adoro o mundo que criamos, as personagens e as idéias contidas ali. Se conseguirmos dar seqüência a elas, eu adoraria voltar. Seria ótimo", concluiu Lawrence em entrevista exclusiva ao Omelete. Boa sorte a eles. Nós certamente voltaríamos para uma segunda viagem.

Eu Sou a Lenda estréia em 18 de janeiro no Brasil. De hoje até a estréia, teremos todos os dias entrevistas exclusivas com os envolvidos. Não deixe de conferir!

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