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Fatal - Festival do Rio 2008

Philip Roth de volta às telas com adaptação do provocativo O Animal Agonizante

29.09.2008, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H40

Um dos grandes da literatura estadunidense contemporânea, Philip Roth volta a ser adaptado ao cinema.

Depois de The Human Stain, transformado em Revelações (2004), agora é a vez do intenso romance romance curto de 2001 O Animal Agonizante (The Dying Animal) ganhar as telas. Na direção da história essencialmente masculina, curiosamente, está uma mulher, Isabel Coixet.

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A diretora dos dolorosos dramas Minha Vida Sem Mim e A Vida Secreta das Palavras estripa do texto, com o auxílio do roteirista Nicholas Meyer (também de Revelações), toda a carga erótica/obsessiva que ele carrega. Saem as descrições pornográficas dos atos entre os protagonistas para entrarem cenas de sexo limpo e romântico.

O protagonista, David Kepesh, também sofre. Deixa de ser um velhote execrável, adepto da auto-depreciação e psicologicamente repulsivo à maioria dos olhares, para tornar-se o charmoso e seguro Ben Kingsley, que aos 65 anos ainda mantém um abdômen definido. Fica fácil entender o que sua jovem aluna Consuelo, vivida aqui pela espanhola Penelope Cruz (escolha um tanto óbvia para a "latina sexy"), viu no culto e bem-sucedido crítico literário e professor que ele interpreta. Melhor selecionados foram Patricia Clarkson como a outra amante de Kepesh, Peter Sarsgaard como o filho amargurado e Dennis Hopper no papel do amigo poeta e conselheiro.

Em essência, a trama continua a mesma: uma exploração do desejo, da maturidade, do arrebatamento romântico e do conflito entre razão e sentimento, a partir do tórrido caso entre um homem mais velho e uma bela descendente de imigrantes cubanos.

Coixet entrega um filme calculado para amenizar o choque, romantizá-lo. Apesar de apreciar o olhar estético da cineasta, com sua luz acolhedora e composição cuidadosa, ela me parece a escolha errada para o tom da obra original. O Animal Agonizante exigia visceralidade e alguém que se relacionasse com Kepesh - ou que fosse mais contestador e corajoso.

Fica a ressalva ainda ao péssimo título nacional, Fatal, que prenuncia um thriller ou coisa do tipo, enquanto o original, Elegy (Elegia em português - poema de tom triste, lamentatório), faz total sentido dentro das pretensões do longa. Afinal, trata-se de um grande discurso sobre a morte do corpo, o Animal Agonizante do título do romance, enquanto a mente segue lúcida - e com seus desejos intactos.

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