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Fay Grim

Seqüência do cult de 1997 funciona melhor para quem conhece o original

25.09.2008, às 15H00.
Atualizada em 24.11.2016, ÀS 05H00

Dá muito bem para assistir a O Poderoso Chefão 2 sem ter visto o primeiro. O Império Contra-Ataca, a mesma coisa. Quem perdeu o original consegue aproveitar Corra que a Polícia Vem Aí 2 1/2 por inteiro. Mas Fay Grim (2006) não tem condição. Quem conhece o cult de 1997 As Confissões de Henry Fool vai assistir a um filme totalmente diferente de quem não conhece.

Relembrando: Henry Fool (Thomas J. Ryan) era o fanfarrão que se instalou no porão da família Grim para escrever o livro que, julgava ele, tornaria obsoletos todos os paradigmas literários da época. No fim as memórias não causaram o impacto que se esperava. Pulemos nove anos. Fay Grim, a personagem-título interpretada pela musa indie Parker Posey, é a esposa de Henry Fool - que agora está morto, ou desaparecido.

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Aquelas confissões que ele escreveu no filme de 1997 são o motivo do mistério. Amigos e familiares de Henry Fool sempre consideraram as confissões lamúrias masturbatórias. Acontece que o governo dos EUA, da França, terroristas árabes, ditaduras sulamericanas e a polícia secreta israelense estão atrás do tal texto. Havia algo ali que não se sabia (ou o roteirista e diretor Hal Hartley não quis contar), porque de uma hora para a outra, como diz um personagem logo no começo de Fay Grim, "Henry Fool é maior do que a vida agora".

O humor farsesco que Hartley impõe ao filme é inconfundível, mas para aqueles que estão tomando contato só agora com esse cineasta, incensado nos anos 80, a profusão de piadas internas vai passar batida. Isso sem contar os diálogos elípticos, praticamente criptografados, que fazem referência a eventos anteriores e podem enervar o espectador mais ávido por entender logo que diabos de mistério é esse.

O que nos leva a uma questão muito pontual: Fay Grim tem algo a oferecer para os não-iniciados? Tem. Melhor dizem, Parker Posey tem. Graduada em mímica e veterana de piadas internas (o cinema indie não é, em si, também uma grande farsa?), Posey consegue transformar a epopéia abnegada de sua personagem pela verdade em algo que transcende o mundinho de Hartley.

A forma como seu penteado foge do controle, como sua coxa branca deixa-se mostrar numa cena de correria, como seus dedos manipulam um curativo, o jeito de Parker Posey contar até 20, a respiração sem fôlego que parece ser ao mesmo tempo muito verdadeira e muito forçada. É esse equilíbrio teoricamente impossível entre o sublime e o aborrecido o segredo da atriz. E por ela vale a pena conhecer Fay Grim.

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