Romance, conflito de classes, reviravoltas do destino, personagens secundários cativantes, humor e mais romance. Todos os ingredientes para uma boa novela de época estão em A Filha do Pai (La Fille du Puisatier). O ator Daniel Auteuil, na sua estreia como diretor e roteirista, consegue colocar ainda mais açúcar à história de Marcel Pagnol (que adaptou ao cinema o próprio livro em 1940), adornando seu filme com belas paisagens e uma fotografia impecável.
Filha do pai
Patricia (Astrid Bergès-Frisbey) é a filha de um poceiro que, educada na cidade, encanta o bem-nascido Jacques Mazel (Nicolas Duvauchelle) como seus modos refinados. Da paixão à gravidez indesejada se passam poucos minutos. Piloto, o rapaz é convocado pelo exército, e deixa a França sem saber da existência do seu herdeiro. A moça fica então aos cuidados do pai (Auteuil), que fica entre oferecer a filha ao "sogro", o rico dono do armazém local, ou abandoná-la aos cuidados de uma tia solteirona.
Novela que é, A Filha do Pai conquista por sua simplicidade. É um filme inofensivo, que leva a pequenos sorrisos ao longo dos seus 107 minutos, na sua maioria causados por Félipe (Kad Merad), o inocente poceiro pretendente de Patricia, tão ingênuo que acaba jogando a moça nos braços de Mazel. Apesar dos elementos típicos do romantismo, seus personagens não chegam a ser superficiais, mas também não fogem dos estereótipos clássicos: o herói, o vilão, o bufão...
O filme funciona pois seus clichês estão em harmonia com o próprio universo, feito de diálogos sentimentais, cenários bucólicos e figurinos cuidadosos. Trata-se de uma outra época, de um outro mundo, onde os finais são feitos de festas de casamento. A Filha do Pai mostra que romances água com açúcar podem funcionar melhor quando seguem a receita, sem adição de vampiros e lobisomens.
Ano: 2011
País: França
Classificação: 14 anos
Duração: 107 min