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Crítica

Do Jeito que Ela É | Crítica

<i>Do jeito que ela é</i>

19.02.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15

Do jeito que ela é
Pieces of April

EUA, 2003
Drama - 81min.

Direção: Peter Hedges
Roteiro: Peter Hedges

Elenco
: Katie Holmes, Patricia Clarkson, Oliver Platt, Derek Luke, Alison Pill, Alice Drummond, John Gallagher Jr., Sean Hayes.

De todos os astros da telessérie Dawson´s Creek (1998-2003), Katie Holmes é, sem dúvida, a mais esperta.

A atriz de 25 anos, que vivia a verborrágica Joey Potter na TV, seguiu o caminho contrário de seus colegas de elenco e não aceitou papéis em chatos filmes de terror adolescentes, como fizeram Michelle Williams (Halloween H2), Joshua Jackson (Lenda urbana) ou Kerr Smith (Vampiros do deserto). Holmes preferiu selecionar criteriosamente seus projetos e acabou trabalhando com cineastas consagrados como Sam Raimi (em O dom da premonição), Joel Schumacher (Por um fio), Curtis Hanson (Garotos incríveis) e Doug Liman (Vamos nessa!).

Em Do jeito que ela é (Pieces of April, 2003), a atriz demonstra mais uma vez sua maturidade ao escolher um papel desprovido de qualquer glamour, numa produção independente e realizada com apenas 300 mil dólares (o cafezinho de qualquer longa mediano em Hollywood).

Totalmente rodado com câmeras digitais, o filme narra a história de uma família separada por desentendimentos no passado. April (Holmes) nunca conseguiu ser a filha que Joy (Patricia Clarkson, ótima) esperava. Pra piorar, envolveu-se com amizades erradas, traficantes de drogas e acabou saindo de casa.

Anos depois, chega a notícia. Joy está com câncer em fase terminal e tem poucos meses de vida. Sensibilizada, já que pode ser a última vez em que verá a família reunida, April decide inovar: convida os pais e irmãos para o almoço do Dia de Ação de Graças em seu minúsculo apartamento numa área barra-pesada de Manhattan, Nova York. O reencontro será certamente doloroso e os desastrados preparativos de ambos os lados (inclua aí um peru assado nômade) refletem o desejo inconsciente de que ele não aconteça. Os únicos otimistas são o pai (Oliver Platt, convincente) e o namorado (Derek Luke) de April, que acreditam que algo de bom pode sair dessa reunião.

Apesar da triste premissa, Do jeito que ela é não é um desses dramalhões de câncer de mãe. O filme se encaixa numa subcategoria bastante explorada ultimamemente, chamada em Hollywood de dramedy (drama + comedy), na qual momentos de bom humor ajudam a costurar a trama. Também ajuda a quebrar a obviedade a versátil atuação de Clarkson, que interpreta uma mãe capaz de rir da sua situação, enquanto esconde os sentimentos pela filha mais velha e dispara ácidos comentários contra todos os membros de sua família. Seria fácil detestá-la se a artista - indicada pelo trabalho ao Oscar de atriz coadjuvante - não fosse capaz de construir uma personagem com tamanha competência.

Enfim, uma ótima estréia como diretor para o roteirista Peter Hedges (Aprendiz de sonhador, Um grande garoto), que opta pela simplicidade nas câmeras (em certos momentos lembra o cinema mexicano) para contar uma tocante história com personagens fortes e bem construídas.

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