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Violação de Conduta | Crítica

<i>Violação de conduta</i>

09.10.2003, às 00H00.
Atualizada em 16.11.2016, ÀS 16H01

Violação de conduta
Basic, 2003 - 98 min.
Canadá, EUA, Alemanha
Suspense/Ação

Direção: John McTiernan
Roteiro: James Vanderbilt


Elenco: John Travolta, Connie Nielsen, Samuel L. Jackson, Timothy Daly, Giovanni Ribisi, Brian Van Holt, Taye Diggs, Dash Mihok, Cristián de la Fuente, Roselyn Sanchez, Harry Connick Jr, Georgia Hausserman.

Pegue um elástico de dinheiro. Segure-a com os dedos polegar e indicador da mesma mão. Tire o indicador. Agora estique-o de novo, usando polegar e dedo médio. Solte o último. Agora usando polegar e anelar. Depois com polegar e mindinho. E com as duas mãos...

É assim que funciona qualquer filme em que o básico é fazer reviravolta sobre reviravolta, justamente o que acontece em Violação de conduta (Basic, 2003). Pode não ser o maior expoente desse subgênero do suspense - Garotas selvagens ficou conhecido pela dinâmica, e mais recentemente Identidade abusa no mesmo sentido -, mas segue aquele roteiro que você já conhece: a história está funcionando de forma linear e, de repente, !, tudo que você viu até agora era encenação. Logo depois, pá!, na verdade, a outra personagem já sabia disso, e pá!, aquele ali estava vendo tudo desde o início, pá!, ele é um traidor, pá!, você não é meu pai, pá!...

O encadeamento-clichê é medianamente bem disfarçado pelo diretor John McTiernan (Duro de matar, Caçada ao Outubro Vermelho, Rollerball), mas jogando pra um lado que tem fascinado Hollywood: as rachaduras no sistema militar norte-americano. Quer exemplos? Regras do jogo, Caçado, Crimes em primeiro grau, A filha do general, Questão de honra e vários outros. Num império em decadência, é preciso ficar muito preocupado com sua defesa, não é?

Seis soldados das Forças Especiais, liderados pelo renomado sargento Nathan West (Samuel Jackson - leia entrevista com ele aqui), desaparecem durante um treinamento nas selvas do Panamá. Dois deles são encontrados horas depois - todos os outros estão mortos. Cada um deles tinha motivo para matar o sargento West - o típico sargento durão e abusivo do exército. Então, é só descobrir, entre os sobreviventes, quem foi o assassino e o que aconteceu com os demais.

A capitã Julia Osborne (Connie Nielsen) é encarregada da investigação, mas o comandante da base decide convidar um velho amigo com mais experiência: Hardy (John Travolta), ex-agente do DEA. Os dois trabalham juntos relutantemente, mas aos poucos começam a desvendar o mistério por trás das mortes, juntando pedaços em cada depoimento. O problema é que o quebra-cabeça tem peças falsas, pois é impossível acreditar nas diferentes versões dos sobreviventes. E a trilha que conseguem montar parece levar a muito mais sujeira, envolvendo toda a base militar americana no Panamá.

As versões vão se sobrepondo, novas revelações são feitas, e, quando você acha que está perto do final, ainda acontecem mais e mais reviravoltas... Esse momento equivale a colocar o elástico de dinheiro entre os dois pulsos e puxar. Ela se parte e a gente entende que, apesar da grande demonstração de inteligência em montar um filme reviravoltoso sem deixar furos (e será que não deixaram?), chega um ponto em que a fórmula cansa, torna-se repetitiva demais e estoura. Não vou dizer que o fim é previsível, mas chegar lá já não traz nenhuma surpresa. Todo mundo já se cansou de revelações.

Um destaque importante: Connie Nielsen. Ela já fez de tudo: desde aqueles filmes em que nem precisava fazer expressões (Gladiador, O advogado do Diabo, Caçado) até outros em que ela mostra como é ótima atriz (Três é demais, Missão Marte, Retratos de uma obsessão). Em Violação de Conduta, ela faz bom serviço num papel ruim. Cruze os dedos pra que Demonlover, uma de suas últimas películas, e das boas, chegue logo às telas brasileiras.

Leia também:
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