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Joe Strummer: O Futuro Está para Ser Escrito - Festival do Rio 2008

Documentário sobre o músico do The Clash tem depoimentos de Bono Vox, Johnny Depp e John Cusack

30.09.2008, às 23H00.
Atualizada em 10.11.2016, ÀS 04H07
Depois de dirigir dois documentários fundamentais sobre os Sex Pistols

Joe Strummer

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, The Great Rock 'n Roll Swindle e O Lixo e a Fúria , o diretor Julien Temple se volta agora para o segundo grupo mais importante do punk inglês, o Clash . Mais especificamente, seu vocalista, em Joe Strummer: O Futuro Está para Ser Escrito ( Joe Strummer: The Future Is Unwritten , 2008).

Temple aproveita seu trânsito livre no olimpo do rock inglês para colher, antes de mais nada, muito material de arquivo - da banda e dos familiares - e depoimentos sobre o cantor e guitarrista, morto de ataque cardíaco em dezembro de 2002. Os ex-parceiros de Clash, os amigos de infância e admiradores como Bono Vox, Flea, Johnny Depp, Jim Jarmusch e John Cusack falam abertamente - assim como o próprio Strummer, entrevistado em bares de Madri, de onde Temple saiu com áudios ruins, como se fossem de fitas cassete, mas frases excelentes.

(Curiosamente, Temple teve acesso a 14 horas de gravações inéditas do Clash, mas, enquanto conseguiu salvar o áudio dos encontros com Strummer, optou por não utilizar esse material da banda, pois "a grande maioria é uma porcaria", disse em entrevistas.)

A idéia de que Strummer era não apenas maior do que a banda, mas também maior que a vida, impregna o filme, a ponto de os entrevistados não serem identificados na tela. O esforço de Temple não é de desmistificar o vocalista. Pelo contrário, na hora de mostrar brevemente a infância de Strummer, Temple reúne o que lhe convém: menciona que o pai era questionador (então o filho também seria), menciona a passagem pela Alemanha Oriental, onde Strummer escuta Elvis (que, portanto, vira uma referência no som), etc. O Futuro Está para Ser Escrito é um documentário de reforço do mito. O título, aliás, é tirado de uma frase tipicamente messiânica de Strummer.

Temple é ótimo na coleta de materiais, que ele ordena com competência em duas horas de filme sem encavalar a cronologia, mas o que importa de verdade é a sinceridade dos entrevistados. Juntando as peças é possível vislumbrar o verdadeiro Joe Strummer, um tipo agregador desde o tempo em que despontou no cenário alternativo de Londres à frente dos 101ers, mas descrito como covarde por mais de uma pessoa. Não covarde como sinônimo de injusto, mas de esquivo. Como todo moleque, Strummer queria apenas fazer parte de algo, e, talvez por isso, evitava conflitos. Não por acaso, o Clash ruiu quando Strummer se viu sozinho, no topo - a solidão do sucesso.

Explica-se então o formato que Temple utiliza para filmar seus entrevistados, todos em volta de fogueiras. O diretor entende essa necessidade de pertencimento, que está na essência do movimento punk. E daí as bandeiras penduradas, o discurso pela comunhão dos povos... Engraçado: desde sempre o punk foi visto como um avesso do movimento hippie, mas é o próprio Joe Strummer que assume no filme: "We're all hippies at heart" (no fundo somos todos hippies).

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