O Cazaquistão anda na moda graças aos desvarios de Sacha Baron Cohen e seu Borat. Mas a interpretação do país pelo comediante inglês não poderia ser mais distante da realidade. Na comédia, os cazaques parecem mais cidadãos da República Tcheca ou Hungria que outra coisa... mas na realidade, a ex-colônia soviética é muito mais asiática. Seus habitantes parecem mais mongóis que russos.
Para uma aulinha de geografia - e corrigir impressões equivocadas -, o longa-metragem Karoy, de Zhanna Issabayeva, uma legítima produção do Cazaquistão é bacana. Mostra bem os descampados desertos e estepes do país, numa fotografia bem-feita.
No filme, o trapaceiro Azat (Yerzhan Tusupov) segue de vila em vila atrás de oportunidades desonestas. Briga, consegue dinheiro de quem não tem, ofende conhecidos, perde dinheiro no jogo, rouba de homens, mulheres e crianças. E até estupra uma grávida... enfim, é um salafrário completo e causa destruição por onde quer que passa. Até que recebe o troco - e retorna à casa da sua mãe. No seio da família, mostra sua outra face.
O começo do filme é até interessante. A curiosidade sobre o destino de tão abjeta figura é enorme. A segunda metade, no entanto, arrasta-se sem salvação. Nesse momento a personalidade do personagem principal tenta ser explicada, mas as origens do indefensável comportamento não convencem. Os longos e desinteressantes planos - salvam-se apenas alguns, como o do espancamento - também contribuem para o rápido desmoronamento do filme. A intenção inicial não se sustenta e cair no sono aí é fácil. Felizmente, pra acordar, há uma ruidosa catarse: Quando Azat começar a gritar "apaaaa! apaaaa!" pode ir esfregando os olhos porque está na hora de sair do cinema.
