O grosso do cinema na China é basicamente dividido em dois: o de ação e o político. O do segundo tipo, figurinha fácil em Mostras e Festivais, tem em Luxury Car mais um exemplo, ainda que um exemplo apenas regular.
O filme é mais um a comparar cidade e campo, eterno dilema do país, e falar também, ainda que sutilmente, dos problemas da revolução e da atual abertura cultural. O tal "carro de luxo" do título, afinal, é causador indireto de desgraça para uma família inteira.
luxury car
Nele, Qi Ming (Wu You Cai), um professor interiorano de escola primária, viaja para Wuhan, uma cidade grande, em busca do filho desaparecido. Hospeda-se com sua filha (a linda Tian Yuan), que ele não sabe que trabalha como prostituta num karaokê local. Tentando enganar o pai, ela apresenta o chefe (ou cafetão, de quem ela está grávida, vivido por Wang Hong) como namorado. Mas para ajudá-lo dá o contato também de um policial quase aposentado (Li Yi Qing), com quem Ming logo faz amizade. Conforme Qi Ming se aproxima do paradeiro do filho, também fica mais próximo da filha, e não tarda a entender seu estilo de vida.
Há dois grandes problemas em Luxury Car. O primeiro é a maneira como o roteiro do francês Sylvain Bursztejn resolve todos os seus bons dramas com reviravoltas fáceis e nada prováveis. O outro é a falta de criatividade do diretor Chao Wang. Sua linguagem é previsível, maçante e até descuidada - curiosamente exceto quando ele mostra carros, um trem ou mesmo um balanço. Nesses momentos parece mais inspirado, provavelmente buscando alguma metáfora visual para o progresso, a urbanização do país, que não consegue efetivamente emplacar.
Mas se Wang não sabe direito como filmar, ao menos soube escolher elenco e dirigi-lo. O filme sustenta-se através das boas atuações do quarteto protagonista, especialmente Wu You Cai, um ótimo ator, e a cantora de rock chinesa Tian Yuan.
