O Búfalo da Noite (El bufalo de la noche, 2007) adapta o romance de mesmo nome do mexicano Guillermo Arriaga ao cinema. O consagrado autor mexicano, depois de se desentender com o cineasta Alejandro González Iñárritu, buscou no novato Jorge Hernandez Aldana um novo parceiro para dirigir suas histórias. O problema é que se vê de longe quem manda no pedaço: Arriaga produziu e co-roteirizou o filme. E faz falta um diretor de peso na condução.
A história, como em todos os trabalhos do escritor levados ao cinema, não é linear. Começa com o reencontro de Gregorio (Gabriel Gonzáles) e Manuel (Diego Luna) - e imediatamente percebemos que há algo de errado no relacionamento dos dois. Não tarda para que o problema seja apresentado. Gregorio tem esquizofrenia e esteve internado. Enquanto isso, Manuel começou a sair com Tania (Liz Gallardo, sósia de Penelope Cruz), ex-namorada do primeiro. Melhores amigos no passado, os dois se afastam pela traição. O reencontro, porém, é promissor. Ou ao menos parecia, já que Gregorio se suicida logo depois. Para o amigo, deixa uma caixa com fotos, cartas e mensagens - e um mistério.
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Búfalo da Noite
A trama é pretensiosa demais, tenta parecer muito mais inteligente do que realmente é, através da montagem e imagens espertas. Mas a solução é fraquíssima se comparada às montanhas de possibilidades penduradas ao longo do filme (o filme deve ser campeão mundial de metáforas sem sentido: tem o lobo, o quarto, o búfalo...). Se montado na ordem dos acontecimentos, O Búfalo da Noite não teria qualquer atrativo.
Não é possível também que Aldana não tenha notado como é ilógica a seqüência de uma ex-namorada de Manuel, que aparece no susto e sai sem qualquer explicação. Fica a impressão de que a cena era importante por algum motivo para Arriaga, que não quis deixá-la na sala de edição. Se serve para alguma coisa é para mostrar a moça nua - mas nem isso é novidade na produção, já que os protagonistas passam boa parte da trama como vieram ao mundo (de frente, de lado e de costas).
Depois de Babel, Três Enterros, 21 Gramas e Amores brutos, estava mesmo na hora do escritor Guillermo Arriaga errar. Mas precisava errar tão feio???