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Crítica

O Caçador de Troll | Crítica

Comédia norueguesa parte da paródia, mas encontra em seu protagonista uma figura heroica de verdade

09.10.2011, às 12H52.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H28

"Michael Moore desistiu depois da primeira vez?", pergunta o insistente universitário aos seus colegas, cansados de perseguir com uma câmera um suposto caçador que mata ursos sem razão, no Oeste da Noruega. O elenco, composto por comediantes conhecidos no país, nessas horas olha para a câmera com aquela cara de sarcasmo... Não é difícil, de qualquer forma, fazer piada com gente que se leva a sério demais, como Michael Moore.

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Difícil, sim, é encontrar uma razão de ser para um filme como O Caçador de Troll (Trolljegeren), em que tudo parte da ridicularização. O caminho do documentário falso já foi trilhado por todas as cópias de The Office e a estética de Cloverfield também foi reproduzida a esmo. Se paródias servem para deslocar o objeto dessa paródia (e portanto o ineditismo é um fator decisivo), elas não funcionam tão bem diante de alvos já deslocados, já diluídos.

O que o filme escrito e dirigido por André Øvredal tem a nos oferecer, então, que não seja derivativo ou postiço? Um grande personagem, o único no filme que dá vida e sentido àquilo que faz, o Capitão Ahab dos nossos tempos: Hans (Otto Jespersen), o suposto assassino de ursos, na verdade um caçador de trolls.

Como o marinheiro que dedicou sua vida adulta a caçar Moby Dick, Hans vive em função das criaturas gigantes, mamíferos sensíveis à luz que reconhecem cristãos pelo cheiro e vivem nas florestas e dentro das montanhas da Noruega. O que torna mais trágica - e engrandecedora - a rotina de Hans é a necessidade de manter em segredo a existência dos trolls. O caçador se arrisca contra criaturas que todos creem ser obra de folclore, em nome de uma glória que nunca deixará o anonimato.

Jespersen também é um nome conhecido na Noruega pelas comédias, mas sua interpretação de Hans, pelo menos para o espectador que o desconhece, soa autêntica. É o homem de poucas palavras e hábitos aparentemente supersticiosos, que carrega no rosto abatido as marcas de anos de trollagem. Um herói à moda antiga, que reluta em envolver inocentes no seu martírio, cujo único conforto é uma mulher que o espera no lar sem saber se o verá no dia seguinte.

Embora O Caçador de Troll nos relembre, o tempo todo, que estamos numa brincadeira de metalinguagem (o filme ganharia se simplesmente matasse o mala do universitário-chefe e eliminasse firulas juvenis, como a da lente quebrada), os momentos em que Øvredal filma Hans têm, sempre, uma procura por uma verdade, uma dramaturgia. O momento em que o caçador se despede da mulher e desaparece na neve, veja só, chega a nos tocar o coração.

Quanto aos trolls, esses não merecem misericórdia.

O Caçador de Troll | Trailers e clipes

Nota do Crítico
Bom
O Caçador de Troll
Trolljegeren
O Caçador de Troll
Trolljegeren

Ano: 2010

País: Noruega

Classificação: 14 anos

Duração: 103 min

Direção: André Øvredal

Roteiro: André Øvredal

Elenco: Otto Jespersen, Hans Morten Hansen, Tomas Alf Larsen, Johanna Mørck, Knut Nærum, Robert Stoltenberg, Glenn Erland Tosterud

Onde assistir:
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