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Crítica

O Príncipe do Deserto | Crítica

Bom elenco se desperdiça em épico anacrônico à Mil e Uma Noites

12.04.2012, às 21H10.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H38

Não adianta procurar no mapa do Oriente Médio os reinos de Hobeika e Salmaah, o "Cinturão Amarelo" ou o deserto conhecido como a Casa de Alá. Embora se ambiente num contexto geopolítico bem definido do século 20, o cenário de O Príncipe do Deserto (Black Gold) é obra de ficção, o que combina com o clima de Mil e Uma Noites do filme de Jean-Jacques Annaud (O Nome da Rosa, Círculo de Fogo).

principe do deserto

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O roteiro, escrito por Menno Meyjes (A Cor Púrpura, Indiana Jones e a Ultima Cruzada), adapta o livro de 1957 South of the Heart, do suíço Hans Reusch. Depois de travar uma guerra, o vencedor Nesib (Antonio Banderas) e o derrotado Ammar (Mark Strong) combinam uma trégua, na qual nenhum dos dois ocupará a faixa de terra que divide os dois reinos, o Cinturão Amarelo. Acontece que transcorrem os anos 1930 e exploradores dos EUA descobrem petróleo no terreno neutro; Nesib rompe o combinado e passa a extrair o "ouro negro". Está para recomeçar o conflito, portanto, e quem se vê no meio da guerra é o príncipe Auda (Tahar Rahim, de O Profeta), filho de Ammar apaixonado pela filha (Freida Pinto) de Nesib.

O dinheiro do Catar e do produtor tunisiano Tarek Ben Ammar - cerca de US$ 55 milhões, uma das produções mais caras bancadas por árabes sobre um tema árabe - consegue pagar o elenco de ponta do filme, mas apesar de Freida Pinto ser uma princesa digna das histórias de Sherazade é impossível não sentir que O Príncipe do Deserto é um produto anacrônico, de um tempo em que o Ocidente ainda se encantava com os mistérios das areias, porque os desconhecia.

Na verdade, nos anos 1970, quando o livro de Reusch quase virou filme pelas mãos do próprio produtor Ben Ammar, esses épicos à moda Lawrence da Arábia (1962), que adotavam o modelo eurocêntrico de romantização das histórias árabes, já estavam fora de moda. Em 2012, portanto, fica ainda mais difícil engolir estereótipos (os ladrões charmosos à Ali Babá, a princesa que seduz seu pretendente dizendo "relaxe, você está num harém") e a simplificação da questão do petróleo.

Basta bater o olho na ficha técnica pra ver qual é a de O Príncipe do Deserto. Diretor francês, escritor suíço, roteirista holandês... O dinheiro pode ser dos árabes africanos, mas, infelizmente, tanto no cinema quanto na indústria petrolífera, a voz continua sendo a dos ocidentais.

O Príncipe do Deserto | Trailer legendado
O Príncipe do Deserto | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular
O Príncipe do Deserto
Black Gold
O Príncipe do Deserto
Black Gold

Ano: 2011

País: França

Classificação: 14 anos

Duração: 130 min

Direção: Jean-Jacques Annaud

Elenco: Mark Strong, Antonio Banderas, Freida Pinto, Tahar Rahim, Riz Ahmed, Lotfi Dziri

Onde assistir:
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