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O Renascimento do Parto | Crítica

Arrecadação coletiva leva às telonas documentário em defesa do parto normal

08.08.2013, às 18H26.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H04

Questionados sobre qual foi a parte mais difícil em fazer um longa-metragem, Érica de Paula e Eduardo Chauvet, diretores do documentário independente O Renascimento do Parto, responderam: “trabalhar em casal”. Marido e mulher resolveram unir suas paixões ao encararem o desafio do longa. Ela, doula (acompanhante de parto) passava noites auxiliando mulheres, enquanto ele se enfiava na ilha de edição com as imagens dos partos. Apelidaram a aventura de “cinema de guerrilha”: feito sem equipe, sem recursos ou experiência.

O Renascimento do Parto

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Por dois anos, o casal encarou viagens pelo Brasil, entrevistando médicos, mães, parteiras, especialistas e gestores públicos. Incluíram quase trinta depoimentos, entre eles o do médico francês Michel Odent – autor da frase “para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer” – e intercalaram com cenas fortes, em que closes de bebês sendo extraídos cirurgicamente da barriga são suavizados por aéreas e panorâmicas de belas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Florianópolis.

A primeira metade do filme é para arregalar os olhos: você verá tudo (e muito mais) que mãe e bebê enfrentam na cesariana. Profissionais contam os riscos, prejuízos e mitos da prática em que o Brasil ocupa a triste liderança mundial, com 52% dos nascimentos. Na segunda metade, porém, os olhos se enchem de lágrimas: entram cenas suaves de partos naturais, em que bebês são recebido nos braços de mães e pais radiantes. Parto em casa, na água, no hospital, no chuveiro, a vida das parteiras, a rotina dos hospitais, o sistema público e o privado de nascer: está tudo lá. Marcio Garcia e sua esposa Andrea Santa Rosa se misturam aos anônimos e abrem sua intimidade ao contar em detalhes como nasceu cada um de seus três filhos. Faltou, no entanto, ouvir a versão dos hospitais e dos médicos cesaristas.

É um filme que fala do direito às escolhas. Uma obra de ativismo, mas sem deixar de ser emotivo, poético e dinâmico”, explica Eduardo. Talvez por tratar de uma questão de saúde pública, empurrado pelo movimento da humanização do nascimento, O Renascimento do Parto surpreendeu ao arrecadar pelo financiamento coletivo (Benfeitoria) 143 mil reais em menos de dois meses. O projeto também bateu o recorde de crowdfunding mais rápido no Brasil: a meta inicial, estimada para 60 dias, foi alcançada em apenas 3. Com o dinheiro, foi possível finalizar a obra e dar um upgrade de áudio para chegar às telonas mais redondinho e cheio de coragem.

Polêmico, o documentário é o primeiro a retratar o tão específico cenário nacional em temas delicados como nascimento, dor do parto e funcionamento do sistema obstétrico de saúde. Só de levar à discussão o assunto, o longa já tem seu mérito. Apesar das imagens reais e impactantes, mantém linearidade e um quê de conto de fadas: permeado por histórias da busca pelo parto ideal, vai crescendo e envolvendo, para terminar com final feliz.

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