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O Suspeito

Estrelado drama político não passa de mais um desempolgante suspense sobre terrorismo

10.01.2008, às 18H00.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 21H03

O 11 de Setembro marcou a nossa geração. Depois daquele dia muita coisa mudou. A maioria, para pior. O terror agora é generalizado. Quem viaja aos Estados Unidos, por exemplo, passa por enormes testes de paciência, que envolvem ficar descalço, tirar da mala cremes e qualquer tipo de líquido e, se der azar, ser revistado ou levado para uma salinha separada. Segundo a nova política estadunidense, somos todos culpados, até que se prove o contrário.

Uma das medidas mais extremas - e igualmente polêmicas - é a Rendição Extraordinária, em que um suspeito de terrorismo pode ser seqüestrado pelo próprio governo e levado para uma base secreta em outro país, onde é torturado até que fale o que eles querem ouvir - e ai de quem for inocente e não souber nada!

O Suspeito 1

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O Suspeito 2

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o suspeito - 3

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Em O Suspeito (Rendition, 2007), o personagem que dá título ao filme é Anwar El-Ibrahimi (Omar Metwally), um cidadão egípcio-estadunidense que pode - ou não - estar ligado ao alto-escalão terrorista. Quando está voltando de uma viagem à África do Sul, ele é devidamente "escoltado" de volta à África, onde vai passar por todos os tipos de interrogatórios. Quem comanda toda a ação é Abasi Fawal (Yigal Naor), chefe da polícia local. Do lado norte-americano, o supervisor é Douglas Freeman (Jake Gyllenhaal). Atravessando o Atlântico, a esposa de Anwar, Isabella Fields El-Ibrahimi (Reese Witherspoon), tenta a todo custo descobrir onde está seu marido desaparecido e ainda preservar o filho que está prestes a nascer. Sua busca por respostas a leva até a secretária de Estado, Corrine Whitman (Merryl Streep), que autorizou todo o sigiloso processo.

A história de cada um dos personagens é desenvolvida paralelamente, mas (desafiando a lógica da geometria) acaba eventualmente se cruzando. Infelizmente, nem sempre da melhor forma - ao menos do ponto de vista dramático. O excesso de acontecimentos e personagens, somado à exagerada necessidade de explicar tudo, acaba deixando em segundo plano o desenvolvimento da empatia entre quem está na tela e os que estão na platéia. A cada minuto que passa, é mais fácil estar curioso em saber se Anwar é terrorista do que com sua condição como ser humano. A falta de envolvimento é tamanha que até mesmo Merryl Streep está irreconhecível, em um papel bidimensional tão facilmente odiável quanto sua contra-parte na vida real: a poderosa Condoleezza Rice.

Estreando em Hollywood depois de ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com Infância Roubada (2005), o diretor Gavin Hood (que vai comandar X-Men Origins: Wolverine) não é de todo o mal. Se não consegue construir o grande longa-metragem que se esperava, ao menos mostrou algo um pouco além do maniqueísmo de tantos outros títulos sobre o terrorismo. Assim, O Suspeito entra para a lista dos filmes feitos para mostrar as atrocidades cometidas por governos autoritários que não se preocupam em acabar com a vida de uma pessoa, desde que seja em nome da segurança nacional. Pena que não deixa espaço para fazer pensar. Se vale de consolo, ao menos o site oficial é recheado de bons links (em inglês) sobre a Rendição Extraordinária.

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