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Entrevista

Omelete entrevista: Halle Berry

Omelete entrevista: Halle Berry

16.01.2003, às 00H00.
Atualizada em 10.12.2016, ÀS 06H03

Depois desta entrevista, a pergunta que mais ouvi foi: e aí, como ela é? Ela não é um mulherão. Deve medir 1,65m, mas é linda e tem um corpo que beira à perfeição. (nada que os marmanjos já não saibam, né?). Ah, e muito bem vestida! Confira agora os melhores momentos:

Está com sono?

Halle Berry: Pode apostar.

Qual o seu ânimo para participar de entrevistas logo cedo?

HB: Sou do tipo de pessoa que acorda cedo. E tive uma ótima noite de sono.

Teve o seu sono de beleza, então?

HB: (risos) Eu não diria isso, mas consegui descansar bem neste hotel. As camas daqui são as melhores de todos os tempos!

Você sente saudade de Londres e este tempo maravilhoso? (sim, estava chovendo, claro!)

HB: Bom, eu passei seis meses aqui fazendo Um novo dia para morrer, então eu aprendi a gostar da cidade.

Como o Oscar mudou sua vida?

HB: Acho que só vou poder dizer o quanto isso mudou minha vida daqui a uns anos, mas posso afirmar que em vários aspectos, minha vida não mudou nada. Talvez o que tenha mudado é o jeito que algumas pessoas da indústria cinematográfica te tratam. Há mais respeito agora. Pela primeira vez em minha vida, tenho cinco projetos em desenvolvimento ao mesmo tempo. Eu era do tipo de atriz que quando acabava um filme pensava caramba, estou desempregada, preciso procurar algo para fazer logo! Agora eu tenho mais chances.

Algumas pessoas acham que as bond girls são só loiras-burras.

HB: Bom, se eles querem pensar assim, eu não posso fazer nada. Eu não me vejo desta forma.

E as personagens anteriores da série?

HB: Eu não usaria a palavra loira-burra, mas acho que no passado, algumas mulheres foram mais importantes e outras menos. Nos anos 70, algumas mulheres aceitariam levar um tapa na bunda e deixar por isso mesmo. Eu fico muito feliz que Jinx não é nada disso.

Como você se vê no meio da galeria de Bond Girls?

HB: Acho que sou o mais avançado estágio dentre as Bond Girls. Claro que ter um Oscar muda algumas coisas, afinal nunca tinha acontecido antes, a não ser com Kim Basinger [do não-oficial Nunca diga outra vez, de Irvin Kershner - 1983], mas ela foi uma bond girl bem antes de ganhar seu prêmio [por Los Angeles - Cidade Proibida, de Curtis Hanson, 1997].

A minha carreira sempre foi diferente mesmo. Eu sempre ralei muito para fazer o meu próprio caminho. Por ser uma mulher de cor, eu sempre tive que trilhar um caminho diferente.

Como você se sente no papel de Jinx, que você definiu como o último passo na evolução de uma bond girl?

HB: Eu adoro! Principalmente porque estes filmes são muito divertidos e é exatamente este o propósito deles. Não estamos aqui para discutir assuntos políticos ou qualquer outra coisa mais séria. O mundo do 007 é pura fantasia. Tudo aqui gira em torno do mocinho que vai salvar o mundo no fim do dia.

Foi uma grande diferença em relação ao A última Ceia, que era um filme cheio de questões sociais. Esta mudança foi ótima para mim, pois pude me divertir muito aqui.

Foi difícil achar profundidade em Jinx, depois de interpretar um personagem tão complexo em A última ceia?

HB: São bem diferentes, mas como atriz, você tem que achar profundidade em qualquer personagem. O que eu gosto da Jinx é que ela tem tantas facetas diferentes. Ela pode ser sexy, pode ser tímida, pode parecer glamourosa. E tem um outro lado intelectual: ela fica de igual para igual com Bond. Ela foi tão bem treinada e tem tanto poder e profissionalismo como ele. E eu tentei fazê-la o mais norte-americana possível, para contrastar com toda a cultura britânica do resto da série e também para incluir algo pessoal ao personagem.

Você disse que se divertiu muito filmando. Que tipo de brincadeiras vocês tinham no set?

HB: Acho que o mais legal foi viajar. Foi ótimo ir para a Espanha [que dubla as ruas de Cuba] pois eu nunca tinha ido lá antes e pude aproveitar para conhecer mais sobre a comida, o povo, a cultura, etc. Trabalhar com Pierce também foi ótimo. Ele é muito engraçado fora do set. Rick Yune também. O tempo todo estávamos brincando, ou fazendo piadas. Era um ambiente muito divertido.

Existem rumores de que Jinx pode ganhar sua própria série.

HB: Eu ouvi estes rumores e só posso dizer que me sinto lisonjeada que alguém esteja pensando nisso, mesmo que nada disso vá adiante. Ainda é muito cedo para falar em qualquer coisa, pois este filme [007] mal foi lançado.

Como você lidou com os aspectos físicos do filme?

HB: Eu fui uma ginasta quando era mais jovem, então várias coisas foram bem fáceis. Mas também tive de aprender a jogar facas com um atirador profissional, manejar armas de fogo, tive treinamento de combate.

Qual a diferença de Lee Tamahori para os diretores com quem trabalhou antes?

HB: Acho que Lee gosta de testar os seus limites. Não sei se você assistiu a A Alma dos guerreiros (Once were warriors - 1994), mas acho que ele trouxe um pouco desta experiência para o seu jeito de dirigir. Ele veio com esta vontade de fazer o Bond ser mais moderno, fazer a Jinx e a própria Miranda Frost bond girls com um caráter mais forte.

Você vai fazer The Guide, com ele?

HB: Sim. É um dos projetos que tenho em desenvolvimento.

E sobre o que é?

HB: Sobre uma mulher que ajuda as pessoas num destes projetos de proteção à testemunha. É um filme de ação com um pouco de drama.

Li uma vez que você queria uma carreira completamente diferente quando tiver 40, 50 anos. Como você se prepara para a velhice?

HB: Eu quero muito envelhecer. Eu não me imagino sofrendo mil operações para parecer jovem para Hollywood. Mas é um fato, o cinema é muito machista. Dizem que quanto mais velho os homens ficam mais sexy eles se tornam. Para as mulheres, quanto mais velhas elas ficam, elas só se tornam mais velhas!

Mas o meu objetivo é lutar contra isso tanto quanto eu luto contra o racismo.

Como foi fazer a primeira cena de ação do James Bond na cama? Já que anteriormente tudo o que nós víamos era as luzes sendo apagadas e alguns segundos depois o cigarro sendo aceso.

HB: Acho que esta é uma das coisas que eu falei sobre fazer o Bond mais moderno. Nos anos 60, aquele era o jeito de filmar. Agora, as coisas são diferentes.

Você começou um curso de jornalismo antes de se tornar atriz. Isso te ajuda na hora de fazer uma pesquisa, por exemplo, ou mesmo como atriz?

HB: Acho que um pouco. Eu queria ser ou jornalista ou psicóloga. Eu nunca tinha imaginado ser atriz. Sobre psicologia, atuar é agir totalmente sobre a psiquê do personagem. A experiência como jornalista ajuda a expôr minhas opiniões quando eu quero tentar mudar algo no roteiro. Isso me dá a segurança de chegar ao diretor e falar isso é o que eu acho que poderia ser mudado e mostrar o que eu escrevi.

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