Filmes

Entrevista

Omelete entrevista Matt Damon, o astro de O Ultimato Bourne

Ator da trilogia fala do último filme da série e de seus planos para o futuro

23.08.2007, às 16H00.
Atualizada em 25.01.2017, ÀS 15H03

Você disse há algum tempo que seus dias de Jason Bourne acabaram.

Matt Damon: Eu disse isso em Cannes, quando estávamos filmando há meses - e eu, cansado, desabafei "não quero nunca mais fazer isso". Mas em termos de um quarto filme, acho que a história terminou - a busca da identidade acabou, pois Jason Bourne já sabe tudo agora. Não dá pra seguir com isso, e muito do interesse nesse personagem era essa confusão - sou bom ou ruim?, qual o segredo da minha identidade ?, por que fico vendo essas imagens perturbadoras? Então, todo aquele mecanismo interno que motivava o personagem se foi. Uma nova história teria que ser um reconfiguração total. A história que queríamos contar foi contada. Mas eu amo o personagem e se Paul Greengrass me ligar, talvez em até dez anos, dizendo que tem uma boa idéia, posso aceitar.

matt damon

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O que mudou pra você desde o primeiro filme?

Sete anos se passaram desde o primeiro e acho que Jason Bourne foi o personagem que mais impactou minha vida. Bom, tem o Will de Gênio Indomável, que tirou eu e Ben da total obscuridade, mas em termos de mudança de carreira foi esse. Ele me deu a liberdade para aceitar projetos que eu sabia que não seriam grandes sucessos de bilheteria, portanto, pude fazê-los por pouco dinheiro. Tipo Syriana, que eu e George fizemos quase de graça, Os Infiltrados, que ninguém imaginava que faria tanto sucesso - os filmes de Martin Scorsese são clássicos, mas normalmente não fazem tanto dinheiro -, O Bom Pastor... eu adorei todos esses roteiros e tenho orgulho enorme de todos. Além disso, antes de A Identidade Bourne me ofereciam poucos projetos - e depois dele comecei a receber montanhas de ofertas. Realmente, mudou minha vida.

Como ele você experimentou como é ser um astro de ação. Como você se sente encantando o público com esses atos de violência?

Tão bem que não consigo nem explicar. Na verdade, vocês estão entre os primeiros a verem o filme, já que não fizemos qualquer tipo de teste de público. Mostramos só para as famílias e amigos. Mas as reações, agora que o filme já está sendo exibido, são as melhores possíveis.

A série é bastante temporal, um reflexo do seu tempo. Mas o primeiro me pareceu mais preocupado com isso que este.

Sim, todos os filmes são reflexos do ano em que foram feitos. O primeiro, de 2002, é bem pós-11 de setembro. Todo o medo, toda a paranóia, estão lá. O segundo dá pra reconhecer imediatamente como 2004 - as coisas mudando no Iraque e esse cara, um estadunidense, pedindo desculpas pelos seus atos passados. Assumindo a responsabilidade. Agora, neste, Bourne está com a arma na cabeça da pessoa que mentiu pra ele, que o fez fazer coisas erradas - matar pessoas sem julgamento. Então tudo isso tem um pouco dos nossos tempos. Eles têm uma certa relevância. Não importa que ele tenha errado no passado, mas ele está tentando fazer a coisa certa agora.

Qual foi sua cena de ação favorita no filme?

Adoro a cena em Tânger e a corrida pelo telhado - e adoro quando ele pega coisas pelo cenário e usa como arma ou coisa parecida. Essas cenas são divertidas de fazer porque juntamos algumas pessoas no set e ficamos olhando ao redor, pensando no que ele faria - qual seria a coisa mais sensata a fazer. E tem a cena na estação de Waterloo [Londres] que Paul [Greengrass] inventou sozinho. E a perseguição de carros, como sempre.

Você se machucou em alguma das cenas?

Não, mas sofri. No primeiro filme eu tinha 29 anos. Estou com 36 agora e definitivamente sentindo a idade. E teve uma briga, a de Tânger, que me exauriu. Joey, o outro ator, tem 23 anos, está em excelente forma, estava empolgadíssimo por estar numa cena de porrada na série, e eu fiquei exausto, "Joey, você está me matando, cara, mais devagar". Acho que levamos uns dias a mais por causa da minha idade.

Você discutiu o filme com Paul? Participou de alguma forma de sua criação?

Não precisa. Ele é bom demais no que faz - e é por isso que trabalho com ele, que é um roteirista sensacional. Ele escreveu Domingo Sangrento e Vôo United 93. E trabalhou bastante nos textos dos dois últimos Bourne também. É ele que está contando a história, afinal, apesar de ter ótimos roteiristas trabalhando nela. É preciso ter autoria. Mas tivemos roteiristas incríveis conosco. George Nolfi ficou ao lado no set o tempo todo, dando retoques conforme chegávamos às locações. Mas Tony Gilroy e Scott Burns também trabalharam no texto em diferentes estágios. E são todos alguns dos melhores roteiristas em atividade hoje.

Você gostaria de fazer mais uma franquia?

Parece que minha nova mania são as franquias. Tem o Bourne e Treze Homens e um novo segredo. Ahahahaha. Olha, estou aberto a qualquer bom roteiro, mas não costumo assinar contratos para mais de um filme. Mesmo no Bourne assinei um por vez. Gosto de ter a opção, de ver como ele vai ficar antes. Se eu gostei da experiência, gostei das pessoas e do resultado, vou trabalhar com eles novamente - seja numa seqüência ou não.

Você está voltando a trabalhar ao lado da sua cara-metade masculina, não?

Eu e meu parceiro-hetero-de-uma-vida [Ben Affleck] não estamos exatamente trabalhando juntos em uma coisa só - estamos trabalhando em um monte de coisas. E a carreira dele está entrando numa fase muito empolgante e fantástica. Eu vi o filme que ele dirigiu [Gone, Baby, Gone] e achei muito bom - acho que todos os atores de Hollywood vão querer trabalhar com ele depois de verem o filme. Ele sai em outubro. Ele passou de ator a diretor, ou seja, de colega a alguém que pode me empregar, então acho que nossa relação vai mudar.

Você quer ser dirigido por ele?

Eu adoraria. Mas veja só como a dinâmica da nossa relação pode mudar agora. Podemos atuar juntos, eu atuar e ele dirigir, podemos co-dirigir algo, voltar a escrever juntos, ou escrever e dirigir juntos. São tantas possibilidades, pois ele fez esse filme incrível. Já se passaram 10 anos desde que trabalhamos em Gênio Indomável e passamos essa década trabalhando separados feitos doidos - então espero que os próximos 10 anos passemos tentando fazer trabalhos cada vez melhores, e talvez juntos.

Quando você se aposentar, como gostaria de ser lembrado?

As carreiras que eu mais admiro são as de caras como Clooney, que está fazendo tudo certo, e Clint Eastwood. Eles atuam, dirigem, escrevem - e fazem tudo como bem entendem. Eu amo fazer filmes e tudo o que eles representam. E eu amo escrever e quero muito dirigir um dia. Mas está levando um tempo estudar como esses caras com quem eu trabalho - e já trabalhei com alguns incríveis - dirigem. Mas me sinto pronto para dar esse passo. Sabe, é difícil ter uma longa carreira nesse negócio - acho até que as pessoas ficam surpresas como eu ainda estou aqui, hahahaahaha -, mas espero trabalhar bastante tempo e ter a sabedoria suficiente para fazer as escolhas certas e manter minha integridade. É isso aí.

Entrevista originalmente publicada pelos nossos parceiros do Collider

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