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Entrevista

Omelete Entrevista: Will Smith, o astro de Eu Sou a Lenda

Ator comenta seu envolvimento no filme, seu personagem e responsabilidade social

18.01.2008, às 17H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 09H07

Ao chegar ao Rio de Janeiro para a última etapa da divulgação do filme Eu Sou a Lenda (I Am Legend, 2007), Will Smith estava rindo sozinho. No fim de semana em que ele desembarcou na Cidade Maravilhosa para conversar com a imprensa brasileira sobre a ficção científica que ele co-produziu e estrelou, já estava com o jogo ganho. Afinal, o longa já somava 440 milhões de dólares em bilheteria mundial. Sorriso aberto, brincadeiras incessantes, tapete vermelho com fãs esperneantes... a passagem de Smith pelo nosso país foi extremamente bem-humorada. E ele não foi menos simpático nas entrevistas, como a nossa, que você confere abaixo.

Como foi sua pesquisa para o personagem?

Eu Sou a Lenda

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Eu Sou a Lenda

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Eu Sou a Lenda

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Pesquisei pessoas que passaram por experiências de solidão extrema, como prisioneiros de guerra ou gente que ficou em confinamento em solitária. Isso me ajudou a entender que para manter-se são é preciso estabelecer uma rotina... tipo, às 9 em ponto eu limpo minhas unhas, às 10 faço exercícios... sabe, encontrar um personagem é como espirrar. Você pesquisa, pensa, pensa, pesquisa e ele vem chegando... chegando... até que, uma hora ele sai. É... um espirro.

Neville se sente culpado pela situação do mundo. A idéia de culpa foi um conceito muito importante pra mim. Ele não era necessariamente muito são... mas essa energia deu uma cor diferente à atuação.

Ouvi falar bastante sobre o tal final alternativo do filme...

É, ele existe. São uns 6, 7 minutos bem diferentes, um pouco mais longo que o original. Uns três minutos. Efeitos especiais diferentes, conceito diferente... uma idéia diferente, extraída do romance. E tínhamos também uma idéia grandiosa, que não deu pra fazer por causa dos efeitos especiais. Nós iríamos lançar o filme com finais diferentes e não contar pra ninguém, aí as pessoas sairiam do cinema comentando finais totalmente diferentes... "que inferno de filme você assistiu???"

A campanha de marketing de Eu Sou a Lenda foi muito interessante. Como co-produtor, você teve algum envolvimento?

Sim, para esse filme foram, literalmente 130, 140 versões do teaser! Já o trailer teve 85, 90... o que acontece é que a Internet mudou dramaticamente nosso negócio. Antes nós fazíamos trailers específicos por região. Por exemplo, apenas os asiáticos veriam aquele determinado teaser, pensado especificamente para aquele público e seus gostos. Só lá! Aí outro meio diferente para Alemanha e tal... mas hoje, qualquer coisa, em qualquer lugar do mundo, está em todo o planeta em 30 segundos! Antes também você lançava um teaser ok, que só era visto nos cinemas, e o arrumava depois. Agora as pessoas fuçam frame a frame qualquer coisa que caia na rede. Então você tem que caprichar nos efeitos e até na história, pois não é algo que as pessoas verão apenas uma vez, que vai passar rápido. Então não dá pra não ser perfeito nesse primeiro contato com o público. Você mata seu filme antes mesmo de ele nascer.

O mais interessantes neste filme foi como vocês usaram os cartazes como ferramenta narrativa - as cidades destruídas já deram a noção de que o problema era global.

Com certeza! Isso é coisa do Akiva Goldsman.

Você parece bastante ligado na Internet. Você usa bastante?

Uso. Mas é doloroso às vezes, porque as pessoas falam a verdade na Internet. Hahahahaha. Acredite, você não quer entrar online quando tem um As Loucas Aventuras de James West em cartaz. Hahahahahaha. Fique longe!!

Este parece ser o filme no qual você teve mais envolvimento.

Desde a primeira vez que li o roteiro, há dez anos, passando pelas versões de Mark Protosevich, depois Akiva, trabalhando com Francis a cada cena, depois o marketing... esta é a primeira vez que me envolvi em todo o processo. Adorei tudo! O filme reflete algumas das minhas próprias idéias sobre a vida, sobre esta existência, e foi importante pra mim poder fazer esse comentário. E a única forma de fazer isso é realmente entendendo a natureza da mídia em que estamos trabalhando. Depois disso me sinto como se fosse um atleta em seu auge. Me sinto como o Pelé do cinema agora! Capaz de seguir adiante em projetos que signifiquem algo. Estou inspirado, interessado e tentando entender como esses projetos podem se fundir com esforços humanitários. É um momento muito importante da minha vida.

Eu Sou a Lenda foi um desafio, então.

Sim, pela própria natureza do projeto. Uma hora inteira do filme é só sobre um cara e um cachorro. Apenas ler isso já foi um desafio... imagine filmar...

A idéia do Bob Marley na trama, veio de quem?

Estava buscando no Google por "I Am Legend" e o álbum "Legend" de Bob Marley apareceu em primeiro. E esse é um dos meus discos favoritos de todos os tempos, ao lado do primeiro do Queen, The Nightfly do Steely Dan, o primeiro do Take 6, "Billie Jean" de Michael Jackson... São álbuns e músicas que você ouve faixa a faixa a faixa e fica tentando entender como esses caras conseguiram fazer aquilo. De que dimensão eles tiraram a inspiração...

Você joga golfe. Daí que veio aquela cena no porta-aviões?

Sim! É engraçado que quando o primeiro teaser saiu - e aquela cena era parte importante do teaser - eu comecei a receber vários convites pra jogar. Eu já havia recebido alguns, mas depois do teaser a coisa explodiu com uns 50 convites! Mas enganei todo mundo... ninguém sabia que era uma bola de golfe de computação gráfica. Ahahahaha! Mas, sim, adoro golfe e seu não fosse eu seria o Tiger Woods!

Você assistiu às outras adaptações de Eu Sou a Lenda?

Sim. Acredito que se você vai fazer uma refilmagem tem que ter uma razõa muito boa. E achamos que seria uma boa idéia adaptar novamente o livro [de Richard Matheson] porque os outros dois filmes são filmes de gênero típicos - e não queríamos isso. Queríamos um drama sobre esse cara, o último homem sobre a Terra. Então pesquisamos o filme, o desenhamos, como pesquisaríamos e desenharíamos um drama. Não seguimos regras de gênero. Sabe, você não pode estrangular um cachorro até a morte num blockbuster que estréia no Natal. Não dá. Mas num drama, tudo é possível. Então nos focamos no personagem. Sem falar que houve uma explosão de tecnologia nos últimos vinte anos, então agora podemos ver literalmente qualquer coisa nas telas hoje, fazer quase qualquer coisa. Por exemplo, Francis fechou seis quarteirões da Quinta Avenida em Nova York, o que não requer efeitos. Mas depois ele arrumar pequenos detalhes, tirar um reflexo aqui, uma sombra que se mexe ali... então como a tecnologia chegou nesse ponto hoje, achamos que poderíamos usá-la numa escala que os outros filmes nem sonhavam.

Você sente alguma pressão por ser um modelo para os jovens? Aqui no Rio de Janeiro havia uma festa em homenagem a você e seus filmes...

Fico emocionado em saber que meu trabalho inspira jovens mundo afora. Mas ao mesmo tempo a responsabilidade me assusta. Assim, o que faço é tentar ser exatamente como minha mãe e minha avó me ensinaram. Me sinto honrado, com medo, mas tento fazer dessa responsabilidade algo positivo, fazer algo pelo mundo.

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