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Omelista | As Melhores Festas do Cinema

De Clube dos Cafajestes a Superbad, escolhemos dez festas imperdíveis da sétima arte

19.03.2012, às 12H17.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 23H04

Despedida de solteiro, festa de faculdade, festa de casamento, festa jedi, festa psicodélica e até mesmo uma festa que não acaba. As celebrações do cinema atendem a gostos variados e, sendo o tema do filme ou apenas um momento na trama, nos deixam com vontade de fazer parte destes eventos.

Confira as festas que fizeram história no cinema e entraram na nossa lista:

Clube dos Cafajestes

(National Lampoon's Animal House), de John Landis - 1978

"Toga! Toga! Toga!" A resposta dos Delta Tau Chi para a ameaça do reitor de fechar a fraternidade veio direto de Roma. Com muitos lençóis, cerveja, mocinhas liberais e rock clássico, eles contestaram a autoridade acadêmica vestidos como cidadãos romanos e transformaram a festa da toga em um marco entre as celebrações do cinema. "Eles vão nos ferrar, não o importa o que façamos. Então podemos ao menos nos divertir", argumentava Eric "Otter" Stratto (Tim Matheson), o possível líder dentro do universo anárquico dos Deltas.

Baseado em uma série de textos autobiográficos publicados por Chris Miller na revista de humor National Lampoon, Clube dos Cafejestes é o precursor de um estilo de filme que, em meio a peitinhos, festas homéricas e piadas escatológicas, consegue revelar com propriedade alguns traços obscuros, porém verdadeiros, do comportamento humano – vide Porky's, American Pie, Dias Incríveis, Se Beber, Não Case!, entre outros. A festa da toga em questão, ocorrida em 1962, é o momento de catarse absoluto, onde é possível dançar até o chão, perder a virgindade com a filha do prefeito ou seduzir a esposa do reitor, tudo vestindo apenas um lençol e uma coroa de louros.

Com direção de John Landis (que dois anos depois assinaria Os Irmãos Cara de Pau), o filme marcou a estreia no cinema de nomes como Kevin Bacon, que interpreta um novato na Omega Theta Pi, disposto a tudo para entrar na respeitada fraternidade; Karen Allen, de Indiana Jones, vivendo a mocinha que trai um dos Deltas, Donald "Boon" Schoenstein (Peter Riegert), com um entediado e liberal professor de literatura (Donald Sutherland); Tom Hulse, o mais novo dos Deltas, que mais tarde participaria de festas igualmente grandiosas na pele de Wolfgang Amadeus Mozart em Amadeus (1984); e John Belushi, que como o quase mudo e desregrado John "Bluto" Blutarsky se transformou no símbolo de Clube dos Cafajestes, amassando latinhas de cerveja na cabeça, virando garrafas de uísque, espionando o dormitório feminino e sendo o primeiro a gritar, "Toga! Toga!".

Um Convidado Bem Trapalhão

(The Party), de Blake Edwards - 1968

Hrundi V. Bakshi, um desconhecido ator indiano, provoca um desastre no set de uma superprodução hollywoodiana e é demitido. Por um descuido, a lista de demissões se mistura à dos convidados para uma festa do chefe do estúdio. Bakshi, educado e bem intencionado, comparece e assim se inicia uma das comédias mais cultuadas do cinema, reunindo o genial Peter Sellers e o diretor Blake Edwards – na única colaboração da dupla fora do universo de A Pantera Cor-de-Rosa.

Com uma narrativa pouco estruturada – o roteiro original teria apenas 63 páginas – o filme serve essencialmente como palco para o talento de improvisação de Sellers, que consegue transformar o que seriam simples momentos constrangedores em cenas memoráveis. O que começa com a perda de um sapato na moderna casa cheia de canais de água e botões, passa por desajeitadas apresentações, um também desajeitado jantar e termina com uma invasão hippie, o banho de um bebê elefante e diversos convidados jogados na piscina. Tudo isso em um clima sessentista que consegue ser ao mesmo tempo genuíno e caricato.

Star Wars - Episódio VI - O Retorno de Jedi

(Return of the Jedi), de Richard Marquand - 1983

Depois de destruir mais uma Estrela da Morte e derrotar o Império com a peluda ajuda dos Ewoks, Luke, Léia, Han Solo, Chewbacca e o restante dos rebeldes puderam finalmente respirar e festejar. Até Obi-Wan Kenobi, Yoda e o redimido Anakin Skywalker aparecem, em espírito, para celebrar e atestar o final feliz da saga.

No original, a festa jedi era embalada pela "Yub Nub", a canção de celebração dos Ewoks, composição de John Williams, com letras do seu filho, Joseph Williams. Na edição do filme lançada em 1997, a canção dos Ewoks foi substituída por "Victory Celebration", uma música instrumental que também serve de trilha para as manifestações de alegria ao redor da galáxia acrescentadas por Lucas.

O Poderoso Chefão

(The Godfather), de Francis Ford Coppola - 1972

Considerado por muitos como um dos filmes mais importantes da história do cinema, a saga de O Poderoso Chefão começa em uma festa. Celebrando o casamento da sua filha Connie (Talia Shire), Don Vito Corleone (Marlon Brando) promove, no quintal da própria casa, uma tradicional festa italiana: cardápio rico em carboidratos, vinho, música, pessoas gritando e gesticulando.

O sensível Michael Corleone (Al Pacino) aparece, vindo diretamente da Segunda Guerra, e apresenta sua namorada (Diane Keaton) ao universo do Don. Lá, ela começa a desvendar um mundo novo, onde o dia do casamento de uma filha, também é o dia reservado para o "padrinho" conceder favores a seus convidados. Na lista de pedidos, coisas simples como vingar a filha violentada de um comerciante – "Um dia, e esse dia pode nunca chegar, porei você para fazer um trabalho para mim. Mas até esse dia, aceite esta justiça como um presente no dia do casamento da minha filha" – ou conseguir o papel em uma produção hollywoodiana para o afilhado – "Descanse por um tempo. E em um mês, esse figurão de Hollywood dará o que você quer". Enquanto isso, Mama Corleone e os parentes cantam e dançam lá fora.

Superbad - É Hoje

(Superbad), de Greg Mottola - 2007

Seth (Jonah Hill) e Evan (Michael Cera) precisam descobrir como conseguir álcool para uma festa que significa, simultaneamente, o início de suas vidas sociais e uma despedida de sua amizade, já que os dois vão para diferentes faculdades. No caminho da sua última aventura, depois de achar que seu amigo Fogell (Christopher Mintz-Plasse) foi preso – por usar uma identidade falsa com o sutil nome McLovin – os dois acabam em outra festa, com a promessa de que conseguiriam arrumar bebidas. Lá, é claro, encontram muito mais do que procuravam. Seth começa a dançar com uma moça “atirada”, para logo descobrir uma mancha misteriosa em sua perna e também que seu par namora o dono da festa, um cara com prováveis conexões criminosas e um temperamento pouco equilibrado. Já Evan acaba cantando para salvar a própria vida em uma sala repleta de criminosos (que para completar estão sob a euforia de certas drogas ilícitas e discutem um possível assassinato).

A comédia faz parte de uma tradição que inclui Jovens, Loucos e Rebeldes (Dazed and Confused, 1993), Mal Posso Esperar (Can't Hardly Wait, 1998) e todo e qualquer filme que inclua adolescentes em uma noite louca de autodescoberta (vide a mais recente produção de Todd Phillips, Projeto X). Superbad foi escrito por Seth Rogen e Evan Goldberg, que começaram a trabalhar no roteiro aos 13 e terminaram o primeiro rascunho aos 15 anos. Fato que transforma a produção de Judd Apatow em um filme genuinamente adolescente, contendo todos os elementos do gênero, mas com uma autenticidade difícil de reproduzir.

 

A Última Festa de Solteiro

(Bachelor Party), de Neal Israel - 1984

Rick vai casar e seus amigos decidem dar uma festa de despedida de solteiro. Até aí, nada fora do comum. Amigos, bebedeira, strippers e certo arrependimento no dia seguinte são o esperado. A festa, é claro, sai do controle e os problemas vão além do jumento contratado para uma performance erótica. O noivo precisa conter os ímpetos suicidas de um amigo maníaco-depressivo, acalmar um cafetão que invade o apartamento e enfrentar o ex-namorado da noiva, disposto a provar que o futuro marido a está traindo.

O filme estrelado por Tom Hanks (em seu segundo papel como protagonista depois de Splash – Uma Sereia em Minha Vida) faz parte da mesma tradição de Clube dos Cafajestes e tem origem em uma história real: a despedida de solteiro do produtor Bob Israel. Na tela, o diretor Neal Israel consegue reproduzir bem este caos, criando uma espécie de Onde Está Wally? que torna possível encontrar algo novo e inusitado toda vez que se olha para as cenas da festa.

 

Perdidos na Noite

(Midnight Cowboy), de John Richard Schlesinger - 1969

Se você tem curiosidade em saber como seria uma legítima festa psicodélica nos anos 1960, Perdidos na Noite resume a década em uma cena. Ao abrir a porta, o cowboy aspirante a michê Joe Buck (Jon Voight) e o trambiqueiro Ratso Rizzo (Dustin Hoffman) se deparam com o mundo de Andy Warhol: câmeras, celebridades relâmpago, artistas performáticos e drogas, muitas drogas – a festa conta inclusive com as participações de algumas das "superestrelas" de Warhol, que faziam parte dos seus trabalhos e acompanhavam sua agitada vida social, como Viva e Ultra Violet. Buck fica encantado com as luzes e a possibilidade de conseguir seduzir uma mulher, enquanto Ratzo, faminto, se abastece no bufê. A festa consegue resumir em alguns momentos a relação dos dois personagens com o mundo e suas limitações, abrindo caminho para o terceiro ato do filme.

Dirigida por John Schlesinger, a adaptação do romance homônimo de James Leo Herlihy foi o único longa com classificação 18 anos a levar o Oscar de Melhor Filme.

 

Romeu + Julieta

(Romeu + Julieta), de Baz Luhrmann - 1996

Tudo começa na casa dos Capuleto. Na moderna versão de Baz Luhrmann para a tragédia de William Shakespeare, a festa que marca o encontro entre os jovens amantes é coerente com a abordagem que transforma a rivalidade entre Montéquios e Capuletos em uma disputa comercial e substitui espadas por armas de fogo. Um travestido Mercúcio (Harold Perrineau) mostra o convite da festa a fantasia a Romeu (Leonardo DiCaprio) e acerta o tom da festa entregando uma pílula de Ecstasy.

A montagem acelerada, que mais tarde seria usada por Luhrmann para marcar o ritmo frenético de Moulin Rouge, aqui serve para mostrar o contraste entre a placidez do amor que em breve surgirá e as intrigas da sociedade de Verona. Depois da performance de Mercúcio para "Young Hearts Run Free", Romeu corre para lavar o rosto e encontra Julieta (Claire Daines) do outro lado de um aquário. Instantaneamente apaixonado, Romeu a persegue pela festa e os dois acabam em um elevador, ainda sem saber que são inimigos. O show drag fica para trás e a festa se transforma em silêncio, interrompido apenas pelo primeiro beijo dos jovens amantes.

 

Matrix Reloaded

(The Matrix Reloaded), dos Irmãos Wachowskis - 2003

A festa de Matrix é um momento de catarse ao estilo das celebrações romanas vistas em Calígula (de Tinto Brass, 1979) e Satyricon (de Federico Fellini, 1969). Envolve muita pele, suor e pouco controle, no que parece ser uma tentativa desesperada de sentir-se vivo.

A rave pós-apocalíptica do segundo filme da trilogia acontece depois que Morpheus (Laurence Fishburne) anuncia que as máquinas se aproximam. A festa se transforma em uma mistura de ode à vida com medo da morte, contrastando a batida e a euforia crescente da celebração coletiva com o encontro íntimo entre Neo (Keanu Reeves) e Trinity (Carrie-Anne Moss).

 

O Anjo Exterminador

(El ángel exterminador), de Luis Buñuel - 1962

Participar de uma festa é bom, mas ir para casa dormir também. Não é o que acontece com os convidados do Señor Edmundo Nobile em O Anjo Exterminador, do surrealista Luis Buñuel. Depois da festa, ao invés de deixar a casa, os convidados retiram suas roupas de gala e se acomodam nos sofás, para no dia seguinte se descobrirem incapazes de deixar o local.

O diretor repete o mote em O Discreto Charme da Burguesia, mas ao invés de deixar seus convidados presos na festa, ele retrata um grupo da classe média que é constantemente interrompido nas suas reuniões sociais. Outra produção que segue a linha, mesmo que um pouco menos surreal, é o brasileiro Festa (Ugo Giorgetti, 1989), onde um mágico, um jogador de sinuca profissional e um músico passam a noite esperando para serem chamados para se apresentar na festa que acontece no andar de cima da casa, sem poder subir ou ir embora.

Em Meia-Noite em Paris, Woody Allen brinca com o absurdo de O Anjo Exterminador ao colocar o personagem de Owen Wilson sugerindo a ideia da festa que não acaba ao jovem Buñuel que perplexo pergunta, “Mas porque eles não vão embora? Eu não entendo... O que os prende na sala?”.

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