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Paranóia Americana

Na semana de aniversário do 11 de setembro, um filme sobre a era do medo nos EUA

11.09.2008, às 16H00.

Não é por acaso que o filme está estreando depois de mais um aniversário do 11 de setembro. Como o próprio nome diz, Paranóia Americana (Civic Duty, 2006) trata do clima belicoso que se instaurou nos EUA depois dos ataques terroristas que tornaram a segurança a maior preocupação do país - acima, segundo consta no Ato Patriota decretado pelo governo Bush, dos direitos civis.

Peter Krause, mais conhecido como o Nate do seriado (de esquerda) A Sete Palmos, vive no filme um paranóico de direita, o contador Terry. A partir do momento em que se muda para seu condomínio um homem de traços árabes, Terry começa a imaginar que o vizinho tem más intenções - afinal, o alarmista noticiário na TV sugere que todo mundo é suspeito de terrorismo até que se prove o contrário. E a paranóia de Terry chega a consequências extremas.

paranóia americana

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Está longe de ser o melhor filme sobre o assunto, mesmo porque Hollywood já produziu mais de uma dezena deles desde 2001, da reconstituição do atentado propriamente dita (Vôo 93, As Torres Gêmeas) até as mais ensandecidas metáforas (Possuídos, A Vila). Paranóia Americana está mais para um retrato esquemático desse momento histórico.

Esquemático, antes de mais nada, porque os personagens concebidos pelo roteirista estreante Andrew Joiner (também produtor do filme) são superficiais. O contador Terry lida com números, logo, pensando em estereótipos, é um conservador. Já a sua esposa é fotógrafa e se relacionava com um roqueiro antes de trocá-lo por Terry. Sendo artista, ela também é, portanto, uma liberal - e esse é o papel que cabe a ela no filme, contrapor-se ao conservador, nada mais.

O diretor Jeff Renfroe ilustra o roteiro de Joiner com igual burocracia. A voz dos discursos de George W. Bush ecoa o tempo todo em off, como se fosse preciso lembrar a pressão que sofrem os personagens. E no rádio uma reportagem avisa (caso o espectador não tenha percebido): "Cuidado com aquele vizinho suspeito". Um filme que lida com um tema intelectualizado e complexo assim não pode tratar o público com paternalismo.

A discussão já está em outro nível. Paranóia Americana, produzido em 2006, parece que foi feito em outubro de 2001. E a insatisfatória exibição digital a que o filme (originalmente produzido em película) é submetido no Brasil não ajuda. 

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