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Partículas Elementares

Drama alemão é ruim em nível molecular

27.03.2008, às 16H00.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 20H04

A epígrafe de Albert Einstein no começo de Partículas Elementares (Elementarteilchen, 2006) talvez queira dizer alguma coisa: "ao invés de tentar compreender, basta estar no mundo para captá-lo". Deixar a vida se levar, portanto, ao invés de tentar dominá-la, é a mensagem que o filme alemão tenta nos transmitir.

O caso é que o prolixo diretor Oskar Roehler faz mil floreios e dá as maiores voltas para nos dizer algo que um Zeca Pagodinho mataria em duas estrofes.

Elementarteilchen

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Acompanhamos dois meio-irmãos. Michael (Christian Ulmen) é um notável estudioso das espécies, cuja teoria da reprodução sem contato sexual começa a dar resultados genéticos inovadores. O outro, Bruno (Moritz Bleibtreu), é o oposto: pensa em mulheres o tempo inteiro, seja uma aluna sua no colégio ou a própria mãe. Regularmente os irmãos se encontram para botar a conversa em dia, sempre a mesma conversa. As coisas começam a mudar, claro, quando eles encontram duas mulheres que abalam suas respectivas rotinas.

A sinopse sugere uma comediazinha romântica, e Roehler sairia-se muito melhor se o seu drama existencial se contentasse com o humor de costumes - seu tato para a ironia é interessante, suas escolhas de elenco idem. O problema é que Partículas Elementares tenta, desde aquela epígrafe do início, ser inteligente demais. A todo instante Roehler insere elementos que teoricamente ajudam a construir a psicologia dos personagens - como as menções ao neonazismo - mas esse elementos tornam-se somente flancos abertos que o diretor não sabe desenvolver depois.

Partículas Elementares é ruim, com o perdão do trocadilho científico, em nível molecular. Ruim porque cria um sem-número de coajuvantes funcionais apenas para ecoar, verbalmente, os conflitos que o filme não sabe desenvolver dramaticamente. Chega a ser amadora a exposição. Bruno chega na casa de seu pai, sentam-se, a câmera se instala à frente do sofá, e o pai imediatamente começa a abrir o coração. Michael encontra uma velha amiga, sentam-se, e a amiga também abre o coração.

Partículas Elementares disse no começo que é preciso viver a vida, mas ignora que no mundo real as pessoas não são arquétipos ambulantes com motes decorados. Não há sutileza alguma neste pseudo-intelectualismo, só excesso de discurso.

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