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Quem Disse Que É Fácil?

Comédia argentina só melhora quando ganha tons dramáticos

10.07.2008, às 00H00.
Atualizada em 18.11.2016, ÀS 23H00

Outro dia estava me perguntando por que todo homem acha que uma mulher vai chegar para ele e se atirar em seus braços, pronta para uma noite de muito sexo. A única resposta que cheguei foi que a culpa deve ser dos filmes pornôs, cujas "histórias" se resumem a uma mulher chegando e se atirando para cima - e para todos os lados, na verdade. A verdade é que isso não acontece, mas e se acontecer, qual seria a reação, já que não somos atores de filmes "XXX"?

Não acredito que o cineasta Juan Taratuto (Não é Você, Sou Eu) tenha imaginado isso tudo quando teve a idéia de Quem Disse que é Fácil? (¿Quién dice que es fácil?, 2007), mas essa é a mais ou menos a situação que dá início ao seu segundo longa-metragem, mais uma vez protagonizado por Diego Peretti.

Quem Disse que é fácil?

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No papel do certinho Aldo, Peretti constrói um personagem caricato de tão metódico que é. Sua necessidade por fazer tudo dentro do planejado é quase um TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), com checagens constantes do gás contra vazamentos, graxa no sapato, camisa para dentro da calça e colete, cardápio congelado para todas as refeições e uma rotineira tarde com os amigos na pista de autoramas na qual tem um time.

O controlado dia-a-dia começa a mudar quando ele aluga um apartamento vizinho ao seu para Andrea (Carolina Pelleritti), uma fotógrafa que passou os últimos 15 anos de sua vida rodando o mundo e agora voltou à Argentina. A liberdade dela é inversamente proporcional ao medo que ele tem por novidades e se reflete nas amizades e até nas suas vidas sexuais. Quando ela o "ataca", o resultado é patético e constrangedor, como boa parte do primeiro ato do filme, que tenta ser uma comédia, mas só consegue arrancar momentos de vergonha alheia.

A virada acontece quando os dois assumem o relacionamento. As disparidades entre os estilos de vida e pensamentos criam um drama que faz pensar e pode até emocionar, principalmente nas cenas envolvendo o pai de Aldo (Andrés Pazos), raiz do jeito solitário do filho quarentão.

Conseguiriam duas pessoas tão diferentes se dar bem e viver felizes para sempre? No cinema, seja ele feito em Hollywood ou Buenos Aires, a resposta para essa pergunta é bem óbvia, o que torna o desfecho bastante previsível como qualquer comédia romântica - ou filme pornô.

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