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Reflexos da Inocência

Daniel Craig em drama independente movido a música

21.08.2008, às 17H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 01H00

Como diretor de videoclipes, Baillie Walsh é extremamente versátil. Os vídeos que ele dirigiu para Massive Attack, INXS, New Order, Oasis, Will Young e Kylie Minogue são narrativa e esteticamente muito distintos. Mas ao assisti-los todos percebe-se que Walsh tem alguns pequenos prazeres cinematográficos, como o uso de preto e branco ou cores bem saturadas, elegantes câmeras sutilmente lentas e, o mais interessante, a perseguição de seus personagens com a câmera sempre em movimento.

Reflexos da Inocência (Flashbacks of a Fool, 2006), seu primeiro longa-metragem de ficção, emprega boa parte dessas paixões - e descobre mais algumas no caminho.

O projeto foi produzido pelo novo James Bond, Daniel Craig, que também atua como o protagonista, Joe Scott. O papel é o de um astro arrogante que já teve seus dias de glória, mas vive hoje em busca do próximo grande trabalho, entre uma carreira e outra de cocaína, ensanduichado com prostitutas de luxo em sua belíssima - e fria - mansão à beira mar. Mas uma decepção o leva a um ato de desespero, através do qual ele relembra seus dias de adolescência - e os acontecimentos que o lançaram na direção da vida que tem hoje.

O filme é estruturado em dois grandes blocos: o hoje impessoal e luxuosamente monocromático da Los Angeles dos poderosos e o colorido e quente passado humilde à beira-mar na Inglaterra. As duas metades são tão distantes no visual quanto na emoção. Tal choque causa certa estranheza inicialmente, mas a direção de Walsh mantém o interesse até o bom clímax, que funde esses dois momentos de maneira satisfatória.

O cineasta estreante só erra feio a mão com a trilha incidental. A música sobe tensa todas as vezes que a personagem de Jodhi May, a vizinha, aparece na tela, prenunciando sem qualquer razão uma situação futura. Momentos antes da cena acontecer, já conhecemos seu desfecho em detalhes. Erro de principiante. Ou seria erro de alguém que ainda não se desvencilhou de seu passado nos videoclipes? Que precisa ter música o tempo todo para justificar a ação?

De qualquer maneira, a redenção chega rápido. E a obsessão com a música novamente aparece, agora sob uma luz positiva. A seqüência "glam", em que o jovem Joe (o limitado Harry Eden) dança enquanto seu primeiro amor (a bela e intensa Felicity Jones) dubla, numa poética e sexy câmera lenta, "If There Is Something" do Roxy Music, é hipnótica. Um videoclipe dos mais belos e simples já feitos. A música, que como o próprio filme é cheia de constrastes (note que a agulha começa na metade, pra pegar só a parte que interessa), embala um momento brilhante, que sintetiza a busca do personagem com uma ingenuidade que, como a letra explica, "takes me right back".

Se um momento pode valer um filme, não consigo pensar em exemplo melhor.

reflexos

None

flashbacks of a fool

None

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