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Sétimo | Crítica

Ricardo Darín estrela whodunit sem particularidades

27.11.2014, às 13H12.
Atualizada em 10.01.2015, ÀS 18H37

"Por que o Brasil não consegue fazer cinema como a Argentina?", pergunta a mídia a cada novo filme argentino em cartaz por aqui, incapaz de enxergar o cinema brasileiro além da produção de massa que chega ao multiplex. Em pleno 2014, a mesma pergunta velha e míope. Será Sétimo (Séptimo, 2013) o filme que vai extingui-la?

Porque não há nada no filme do diretor catalão Patxi Amezcua que seja particular. O suspense abre, como dezenas de outros, com um plano aéreo de uma metrópole enquanto o notíciário do rádio passa em off a previsão do tempo e a pauta do dia. Estamos em Buenos Aires, mas poderia ser qualquer capital do mundo onde a correria urbana erode as relações. De portenho mesmo, o filme tem os elevadores residenciais, com sua clássica porta de grade, e a presença de Ricardo Darín.

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Ele interpreta um pai de família em vias de divórcio de sua ex-mulher (Belén Rueda). É o típico advogado amoral, que defende quem paga mais, desconectado dos dramas da realidade, e o castigo vem na forma de um mistério: certa tarde seus dois filhos desaparecem sob a guarda do pai e ele não entende o que aconteceu.

O filme de Amezcua funciona em função do whodunit: quem teria levado as crianças, no espaço entre o sétimo andar do prédio até o térreo? Vizinhos se tornam suspeitos, rivais viram cúmplices e a culpa troca de mãos à medida em que as horas avançam. Ao menos Sétimo não tem vergonha dos seus clichês: na hora de revelar a identidade do vilão, ele dá antes aquela virada dramática para a câmera.

A exemplo de outros suspenses portenhos que tiveram ou esperam um remake em Hollywood, como Nove Rainhas e O Segredo dos Seus Olhos, Sétimo parece pronto para a conversão. Tem uma reviravolta engenhosa e personagens-padrão que se encaixam em qualquer situação, do pai workaholic à mãe superprotetora (que obviamente dividirão uma cena tocante relembrando o passado, para entender onde erraram).

Toda cinematografia sadia deve ser capaz de produzir tanto filmes de risco quanto suprir a demanda do público pelo cinema de gênero mais imediato. O Brasil tem suas comédias, a Argentina tem seus policiais.

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