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Sukiyaki Western Django - Festival do Rio 2008

Takashi Miike usa até Shakespeare em fita de faroeste com katanas e Quentin Tarantino

04.11.2007, às 17H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 02H07

Desde 1999, o japonês Takashi Miike vem ganhando reconhecimento fora do seu país. Tudo começou com o culto ao redor de Audition, citado por muitos cineastas (incluindo aí Eli Roth, que confessou isso ao Omelete) um dos melhores filmes de terror já feito. Apesar de mais conhecido pela sua vocação em mostrar (mesmo!) muito sangue na tela, Miike não se restringe a um único gênero. Seus filmes têm elementos variados, o que o tornam um dos cineastas mais imprevisíveis em atividade. Ele pode contar histórias de yakuza (os mafiosos japoneses), mostrar os assalariados que mantêm seu país funcionando ou até se arriscar em comédias para a família.

Seu novo trabalho é prova desta inquietação. Trata-se de um faroeste no melhor estilo conhecido no Brasil como "Bangue-Bangue à Italiana". Desde o seu título, Sukiyaki Western Django (2007), é clara a homenagem ao Spaghetti Western de Sergio Leone e Sergio Corbucci. Mas, como não poderia deixar de ser, o longa não se contenta em apenas recriar as obras sessentistas. Toda a ambientação do filme é uma linda mistura do oeste estadunidense com o Japão feudal. Colts .45 se misturam a afiados katanas. As casas são mesclas de templos budistas e saloons. E os atores, todos japoneses, falam em inglês (com um sotaque mais forte do que qualquer wassabi).

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Também fruto da intersecção entre as culturas do oriente e ocidente, a trama é uma nova versão de Por um Punhado de Dólares (1964), que por sua vez é um remake de Yojimbo (1961). Um pistoleiro sem nome (Hideaki Ito) chega ao vilarejo de Yuda para encontrá-la dividida em duas partes: os vermelhos Heiki e os brancos Genji. Liderados respectivamente por Kiyomori (Koichi Sato) e Yoshitsune (Yusuke Iseya), os dois não estão ali apenas pela promessa de uma enorme quantidade de ouro. Eles representam uma disputa muito maior, a Guerra Heiji, que pôs fim a um longo período de paz conhecido como era Heian.

Sem medo de se repetir, Miike vai montando flashbacks e mostrando novamente cenas importantes à trama, subterfúgio para contar as histórias que levaram os personagens até aquele momento. Como é comum nos filmes do diretor, as mulheres se mostram muito mais do que aparentam ser, um elemento que marca sua rejeição à patriarcal sociedade japonesa. Tudo logicamente termina em um épico tiroteio em que munição é automaticamente recarregada nas pistolas, honras são vingadas e as ruas são pintadas de sangue.

Sukiyaki Western Jango pode ser a porta de entrada definitiva de Miike no Brasil, já que salvas poucas exceções - como a trilogia Matar ou Viver e Ligação Perdida (lançados em DVD pela Europa Filmes) e Ligação Perdida (DVD pela Alpha Filmes) - sua obra continua desconhecida por aqui. Não dá mais para continuar ignorando este japonês que usa Shakespeare em uma fita de faroeste com katanas e Quentin Tarantino como ator convidado em uma ótima cena de abertura pré-créditos.

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