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Todos contra Zucker | Crítica

Comédia alemã consegue juntar ex-comunistas com judeus reconvertidos

28.02.2008, às 18H00.
Atualizada em 29.11.2016, ÀS 01H06

Exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2005, o filme alemão Todos contra Zucker (Alles auf Zucker!, 2004) adiciona à nostalgia agridoce da Alemanha comunista, no melhor estilo Adeus, Lênin, um tema controverso para os germânicos: judaísmo.

O filme começa machadianamente: com um morto contando a sua história em tom de sátira. Jackie Zucker (Henry Hübchen) não está exatamente morto como Brás Cubas, mas em coma, no fim daquela que foi a semana mais feliz de sua vida. Pela surra a que assistimos Jackie tomar depois de ganhar de um brutamontes na mesa de sinuca, não daria pra dizer que seria uma semana feliz.

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Jackie vive do dinheiro dessas apostas depois que o Muro de Berlim caiu. Na época dos comunistas, ele era um famoso jornalista da TV. Hoje Jackie mal consegue manter a casa de tolerância com temas da Alemanha Oriental que tem em Berlim. Mas está por vir um grande campeonato de sinuca que pagará todas as suas dívidas. O único problema, descobrimos depois, é que o malandro Jackie terá que se desdobrar para comparecer ao campeonato.

Assim que fica sabendo da disputa, Jackie recebe um telegrama: sua mãe morreu e seu irmão está vindo de Frankfurt para o enterro judaico. Jackie, na verdade, é apelido para Jakob, e Zucker é abreviação do sobrenome judeu Zuckermann. A família do malandro comunista mal sabe distinguir comida kosher de enlatados normais, e Jackie desde muito jovem perdeu contato com o lado religioso da família, mas eles terão que se passar por um típico clã judaico para receber o irmão ortodoxo de Jackie.

Cineasta judeu, o suíço Dani Levy consegue apresentar toda essa longa premissa sem dar muitos trancos e sem perder tempo - apresenta coadjuvantes com rapidez e inteligentemente joga o filme nas costas do carismático ator Henry Hübchen. Todos contra Zucker abraça o pastiche desde o começo, e fica fácil simpatizar com um filme que trata de assuntos delicados com um bom humor inofensivo.

É uma idéia bem sacada limpar esses dois montes de roupa suja ao mesmo tempo: a cisão política do comunista Jackie e seu irmão capitalista-financista, e a cisão religiosa do ateu Jackie e seu irmão judeu ortodoxo. Levy conduz o filme sem sobressaltos ou grandes brilhantismos, aposta em gags infalíveis - como drogar o personagem mais emburrado com um ecstasy - e solta algumas piadas realmente boas, como arrumar uma dançarina palestina no meio disso tudo.

O ponto fraco, curiosamente, é o espaço e o tempo que Levy dá ao MacGuffin do filme, o campeonato de sinuca. Se o que interessa ao público é Jackie interagindo com seu "passado", na forma do irmão que se hospeda em sua casa, o miolo do filme, focado no esporte, pode se tornar bastante desinteressante. Por definição MacGuffins são apenas acessórios que fazem a trama andar adiante, mas ao fazer da sinuca o centro do filme Levy corre o risco de diluir aquela idéia bem sacada.

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