Colunistas

Artigo

Cultura Pop no Brasil | "Temos um diálogo claro com a pornochanchada", diz o diretor de O Último Virgem

Comédia com Fiorella Mattheis busca resgatar o espírito cômico-erótico do gênero, sem apelação

20.01.2016, às 22H18.

Na contracorrente da maré de caretice sexual em voga no cinema brasileiro, uma comédia erótica teen sabor Porky's, antenada com a tradição da educação sentimental e sexual dos filmes americanos dos anos 1980 e 90, vai aportar no circuito nacional em março: O Último Virgem. Com direção de Rilson Baco e Felipe Bretas, a produção aposta em Fiorella Mattheis e se dispõe a transformar a loura da TV em musa do cinema. Na trama, escrita por LG Bayão, um time de estudantes formado por Escova (Lipy Adler,  coautor do roteiro), Borges (Éverlley Santos) e Gonzo (Christian Villegas) ajuda o tímido Dudi (Guilherme Prates) a ter sua primeira vez na cama, tendo como alvo a mais sensual professora do colégio, a bela Débora (Fiorella).

None

"O desejo e o erotismo estão presentes no dia a dia dos jovens, e, para quebrar a caretice, é necessário pensar e falar como os jovens de uma maneira leve e natural", diz Baco. "Usamos piadas e situações satíricas para abordar uma situação vivenciada por todos e a amizade entre os jovens deste filme vai além da lealdade, chegando ao ponto do altruísmo. De maneira cômica, a doçura e a poesia encontram-se na dedicação dos amigos à causa do protagonista: perder a virgindade. E isso é feito na confiança, na cooperação, na gentileza, presentes em todas as situações, principalmente na relação entre os personagens Escova e Dudu. Escova é capaz das maiores loucuras para ajudar seu grande amigo."

Ao longo da década de 1970, o cinema brasileiro faturou milhões explorando a intimidade alheia num filão chamado pornochanchada, conhecido por filmes como Como era Boa a Nossa Empregada (1972), O Bem Dotado - O Homem de Itu (1977) e Ó, Rebuceteio (1984). De forma mais branda, O Último Virgem presta um tributo a essa tradição, iniciada no ano de 1969 (parece trocadilho, mas não é) com Os Paqueras.

"Temos um diálogo claro com a pornochanchada na forma de abordar a sexualidade de uma forma descontraída e até engraçada em determinados momentos", admite Bretas. "Mas, em contrapartida, não apelamos para a sexualidade tanto quanto algumas obras da pornochanchada, uma vez que, dentro de nossa comédia de tom sexual, temos também um história de amor. Talvez pudéssemos ser considerados uma neochanchada, uma chanchada com novas características." Assista ao trailer de O Último Virgem:

Oswaldo Montenegro mais autoral - e online

None

Em meio à consolidação de um canal no YouTube, para suas criações musicais e audiovisuais, o cantor e compositor Oswaldo Montenegro, que botou as artes cênicas nacionais no bolso com espetáculos como Léo e Bia e A Dança dos Signos, está de volta à direção de longas-metragens com um drama direto em sua "emissora" digital: O Perfume da Memória. Trabalho mais autoral do músico como cineasta, o filme segue por uma noite duas mulheres que estabelecem uma relação que passa da amizade à paixão. De um lado está Laura (Amandha Monteiro), com o coração fraturado por uma separação, e, do outro, o furacão Ana, interpretada por Kamila Pistori

Açaí para o cinema

Famoso culturalmente por sua contribuição à música e à culinária nacionais, o Pará agora vai injetar seus temperos no cinema de ficção de longa-metragem, com a estreia de Amores Líquidos (imagem acima), de Jorane Castro - nome tarimbado por sua inquietação estética na cena dos curtas. O filme é um road movie sobre três mulheres em busca de si entre Belém e o mar, tendo a busca por um filho como estopim. O elenco é protagonizado por três atrizes paraenses: Lorena Lobato, Ane Oliveira e Keila Gentil, da Gangue do Eletro.

Gringos na Vitrine

Bunker de resistência para o cinema autoral brasileiro, a distribuidora Vitrine Filmes entra de sola no mercado de importação com dois documentários em 2016: a produção espanhola O Futebol, de Sergio Oksman, e o argentino NEY: Nosotros, Ellos y Yo, de Nicolás Avruj. Antes, a distribuidora lançou o cult americano Frances Ha (2013), de Noah Baumbach, que no Brasil vendeu 65 mil ingressos. Sob a curadoria de Silvia Cruz, a empresa segue distribuindo produções mais alternativas brasileiras, prometendo para este ano títulos esperados como o thriller de horror Aurora, de José Eduado Belmonte, e o drama Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert.

Tatuagem na tela

De 22 a 24 de janeiro, o Espaço Sul América, no Centro do Rio de Janeiro, vai sediar a Tatto Week, maior convenção de tatuagem da América Latina, que, inclui entre suas atrações, uma mostra de filmes e uma retrospectiva da carreira cinematográfica do ator Roberto "Jone Brabo" Rowntree, figura cativa do curta-metragem nacional.      

Eles têm Rocky Balboa, nós temos Eder Jofre

Produtor responsável por sucessos como Carandiru (2003), Flávio R. Tambellini vai tirar do papel o longa-metragem 10 segundos, centrado na jornada de lutas do pugilista Eder Jofre. A direção será de Rogério Gomes, que pilotou a novela Império.

None

CURTA ESSA

Bili Com Limão Verde na Mão (imagem acima), de Rafael Conde: Referência de excelência no cinema mineiro, como longas-metragens como Fronteira (2008) em seu currículo, o diretor Rafael Conde leva para a 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que começa nesta sexta, um ensaio sobre a infância. Nesta produção de 14 minutos, com sessão no sábado, ele acompanha os percalços de uma menina para se livrar os ranços de ser criança e talhar uma subjetividade própria.  

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.