James Franco não esconde seu entusiasmo pelo cinema. O ator participa de produções menores, emprestando sua popularidade a projetos com baixo orçamento e frequentemente anuncia novos filmes como diretor. Em Child of God, arrisca-se em material sagrado para os fãs: uma adaptação de obra de Cormac McCarthy.
Child Of God
Child Of God
O escritor de A Estrada e Meridiano de Sangue tem uma legião de admiradores e filmes baseados em sua obra costumam atrair a atenção da crítica e dos festivais. Franco sabe onde está pisando, portanto, e não decepciona.
De cara, o primeiro trunfo do filme é seu protagonista, Scott Haze. O ator dá um espetáculo como o personagem principal, o limítrofe Ballard. Haze perturba com o olhar de maníaco e ruminações guturais quase ininteligíveis, mas o constrói aos poucos, conforme aumenta também o volume de fluidos corporais que o personagem excreta. E por mais nojento e grotesco que seja, não deixa de ser carismático - de fazer-nos apreciar sua liberdade -, mesmo em seus momentos mais violentos e questionáveis.
A história acompanha esse homem em sua centrifugação em direção às margens da sociedade, sua regressão de cidadão a homem das cavernas. Franco, que também adaptou o material original, repousa o filme nos ombros de seu ator e sai do caminho, sem excessos de estilo ou buscando inovações, acertando no ritmo e nas escolhas na edição e trilha sonora. Ele conhece a qualidade do elenco e do texto.
O diretor, porém, não se contém no final e decide fazer uma participação especial bastante desnecessária. Sua presença em um momento tão difícil para o personagem - e para o público, o terceiro ato - tira a atenção em uma altura do filme em que sequer lembrava-se que se tratava de um filme de James Franco. O ator provou-se um ótimo cineasta, mas ainda precisa desapegar-se dos holofotes se quiser realmente ser respeitado.
Acompanhe as críticas do Festival de Toronto
Ano: 2013
País: EUA
Classificação: 14 anos
Duração: 104 min min